Quando era criança e morava em Alagoinhas, no interior da Bahia, Jean Wyllys imaginava que as luzes distantes do bairro vizinho eram de Salvador. Tempos depois, quando se mudou para a capital, percebeu que as luzes de Salvador brilhavam de outra forma. Elas lhe trouxeram cores quando pela primeira vez viu um show de arte transformista com a diva Bagageryer Spilberg, quando se tornou jornalista e teve suas primeiras experiências homossexuais. Hoje, aos 42 anos, após se tornar celebridade no reality show Big Brother Brasil ele está no seu segundo mandato com deputado federal e se tornou símbolo da luta pelos direitos humanos. Pela sua trajetória, nesta sexta-feira (09), ele recebeu o título de cidadão soteropolitano em cerimonia na Câmara de Vereadores de Salvador.
Em entrevista ao Me Salte, antes da cerimônia, Jean destacou que a maior visibilidade das causas LGBTs aumenta as críticas conservadoras, inclusive na política com seus colegas deputados. A bancada evangélica é antes de tudo uma bancada oportunista. Não sei se todas pessoas da bancada evangélica acreditam verdadeiramente que os homossexuais são pecadores. Eu não sei se toda bancada evangélica acredita verdadeiramente no que diz publicamente. Tem muitos deputados evangélicos que têm parentes homossexuais. Eles tratam seus parentes homossexuais com respeito e até certo carinho, mas tratam a comunidade em geral de forma desrespeitosa. Eles fazem isso por objetivos políticos para ter ganhos eleitorais e ter popularidade junto a setores conservadores da sociedade. Há pessoas dessa bancada que tem convicções de fundo religioso que trata os homossexuais como pecadores e aberrações e tem pessoas que não meramente oportunistas, opina.
O parlamentar, que tem milhares de seguidores nas redes sociais, ressaltou que tem consciência que é uma inspiração para muitas pessoas. Sou um cara muito honesto comigo, com a minha história e minhas idéias. Acho que a forma como eu lido com essas questões faz com que as pessoas se identifiquem comigo. Não sou o tipo de pessoa que fala o que as pessoas gostariam de ouvir para poder ser popular. Ao contrário, eu pago um certo preço de impopularidade por falar o que muitas pessoas não querem ouvir. Mas o fato de eu ser honesto comigo sobretudo sobre a minha sexualidade faz com que as pessoas se identifiquem comigo. Isso eu prezo muito e também respeito muito. Eu levo em conta sobretudo sobre os mais jovens. Isso é muito importante em um país onde até pouco tempo os homossexuais não ocupavam os espaços de poder, eram representados de maneira caricata em programas de humor ou de maneira depressiva nas telenovelas.
Emoção na cerimônia
O deputado federal chorou diversas vezes durante a cerimônia em que recebeu o título de cidadão soteropolitano em proposição feita pela vereadora Aladilce (PCdoB). A sessão contou com apresentações artísticas de grandes nomes da música baiana com Márcia Short, Gerônimo e Claudia Cunha além de amigos e colegas de profissão de Jean.
Emocionado, ele disse no plenário. Antes mesmo da outorga do título de cidadão de Salvador, antes mesmo de me tornar oficialmente soteropolitano, eu já me sentia parte desta cidade. A gente é cidadão quando se reconhece na cidade e quando ela é parte de nós. É meu caso com Salvador, afirmou Jean que quando saiu de Alagoinhas morava no Beiru- Tancredo Neves.
Política
Apesar do contexto local, em conversa com o Me Salte, Jean não deixou de transparecer sua preocupação sobre a votação prevista para acontecer na próxima segunda-feira (12) que julgará o processo de cassação de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara de Deputados. As perspectivas em caçar Eduardo Cunha não são boas. Ele chantageou publicamente os 150 deputados que ele tem na mão através da imprensa. Ele chantageou o próprio presidente da república (Michel Temer) e a imprensa tem tratado isso de forma muito natural. Há uma possibilidade dele não ser cassado a medida que ele tem esses deputados nas mãos. Vai ser uma vergonha para o país. Há uma possibilidade de Cunha não ser cassado porque a gente está vivendo um regime de exceção. E nesse momento de exceção a Justiça não está sendo feita, destacou Jean. São necessários, pelo menos, 257 votos favoráveis para a perda do mandato do total de 512 parlamentares.
Ao refletir sobre o cenário político nacional, Jean reiterou o discurso que de a deposição da ex-presidente Dilma Rousseff tratou-se de um golpe. A nossa jovem democracia foi golpeada. O golpe dessa vez não teve como protagonista os fuzis e as baionetas das forças armadas mas teve com o abre alas o parlamento e o judiciário. Mas, ainda sim, é um golpe que rompe com as vertentes democráticas, que tripudia da população brasileira. É um golpe que empodera partidos que foram derrotados nas últimas quatro eleições. Eles deram um golpe na democracia, analisou.
Na projeção para 2018, Jean enfatizou o desejo de que haja, antes disso, novas eleições no país. Eu espero que tenhamos eleições. Depois do golpe nem isso temos certeza se terá. Essa camarilha de corruptos que assaltou a república e que é maioria no parlamento pode mudar a regra do jogo no meio do jogo. Eles já provaram que podem fazer isso. Nós temos que batalhar, na verdade, para que tenham eleições já no ano que vem . Queremos diretas já, disse Jean.
O parlamentar, que já está no seu segundo mandato com o deputado pelo Rio de Janeiro, destacou que, em 2018, deve seguir disputando as eleições, mas não como postulante à presidência da República como alguns setores do seu partido, o Psol, defendem. Talvez deputado federal, talvez senador. Presidente da República é outra historia, sinaliza.
Sobre as declarações do filho de Jair Bolsonaro, que é candidato a prefeitura do Rio, e disse que cortaria as verbas da parada gay ele foi enfático: “Canalhas gostam de arrotar moralismo mas eles são quase sempre canalhas”.
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5 Comentários
Ai eu me perguntou. O que esse parasita fez a favor da Bahia ou de Salvador? Ele é tão bom pra Bahia que se filiou ao PSOL do Rio. Muita hipocrisia, e muita gente mamando na politica.
sem comentário
Temos que acabar com isso. Galvão Bueno, Ronaldo e vários outros já receberam este título. Vejam que vergonha para nós, feita por políticos (vereadores). Pessoas que nunca fizeram e jamais irão fazer nada pela Bahia, mesmo pq não residem aqui e não legislam por nossa terra. Vem aqui apenas serem agraciados com essa homenagem que poderia ser dada a muitos Líderes de bairros que lutam, batalham pela nossa gente pobre . Esses vereadores fazem isso apenas para “aparecerem na mídia” isso se tornou banal e ninguém reagiu ainda. Muitos deles jamais voltarão aqui.
Vergonha! nunca votei em vereador. Em vár
ios Paises existem mais não são remunerados.
É o fim da picada!como pode isso?
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