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Escritora baiana Jenny Müller lança livro “A Menina da Máscara de Ferro”

O livro “A Menina da Máscara de Ferro”, da roteirista, modelo, atriz, performer e escritora baiana Jenny Müller foi lançado nesta sexta-feira (4) nas versões ebook e audiobook.

O projeto, inspirado no processo de amadurecimento de uma jovem que se sente prisioneira em sua própria pele é uma metáfora da história de aceitação e transição da própria autora.

A jornada de enfrentamento dos seus maiores medos para encontrar seu lugar no mundo é o pano de fundo que inspirou a obra. “Este livro é fruto de um longo processo de cura, no qual encontrei na escrita um dos caminhos para perdoar um pedacinho de mim que estava machucado desde a infância. Crescer não é fácil e, quando se é uma criança travesti, parece que não existem histórias nas quais possamos nos espelhar e sentir segurança de que também podemos ter finais felizes”, afirma a autora.

A máscara usada pela personagem simboliza o sentimento de aprisionamento vivido por Jenny, que durante muitos anos não pôde ser quem realmente ela é. No livro, os pais da menina ficam aterrorizados ao perceber que a filha é diferente das outras crianças e a obrigam a usar uma máscara de ferro para blindar o seu poder de enxergar e sentir as cores que a maioria das pessoas não conseguem.  A protagonista vive uma longa trajetória de questionamentos e experiências dolorosas até conseguir se libertar da máscara e descobrir que pode ser amada e também se amar, mesmo sendo diferente.

Em “A Menina da Máscara de Ferro”, Jenny Muller convida o leitor a refletir sobre processos de silenciamento e a compreender o que é ser e se aceitar como uma pessoa transgênero em uma sociedade que não aceita as diferenças e a pluralidade dos indivíduos e que ainda é pautada pelo padrão de que que todos nascem heterossexuais ou cisgêneros.

A autora de 26 anos conta que se aceitar foi um processo difícil e doloroso. Ela explica que, desde criança, viveu um conflito por se sentir diferente e por ser silenciada de diversas maneiras. Somente aos 14 anos ela descobriu a palavra transgênero e teve a compreensão sobre a sua identidade de gênero. A descoberta, entretanto, foi só o começo de um longo caminho de descobertas, crescimento e sofrimento, que abalaram sua saúde mental. A aceitação veio aos 20 anos, quando também iniciou o seu processo de transição de gênero.

O livro “A Menina da Máscara de Ferro” terá sua versão audiobook disponibilizada no Spotify e no YouTube, enquanto a versão e-book, em formato PDF, poderá ser acessada por meio de link do Google Drive.

Reflexão para todos os públicos

Com produção de Anderson Bispo, o projeto literário possui uma estética infanto-juvenil, embora seja voltado para o público adulto. A obra possui 16 atos em uma linguagem simples e de fácil compreensão. Na versão ebook, cada ato é acompanhado por ilustrações da artista Mariana Netto. Segundo a autora, o objetivo é levar o debate sobre transgeneridade para fora da bolha de discussões de gênero, de forma leve e compreensível, atingindo, assim, diversos públicos.

“Espero que o livro consiga atingir pessoas que nunca ouviram falar sobre transgeneridade e possam compreender, mas, principalmente, que seja um livro que ajude as pessoas que estão nesse lugar que eu já estive. E que elas possam conseguir o apoio que não tive. Eu pensei em fazer um livro que eu gostaria de ter lido durante essa fase, pois eu nunca consegui encontrar coisas que falassem comigo diretamente”, explica.  

Jenny Muller destaca que, embora o livro tenha sido baseado em sua experiência com a transgeneridade, o texto traz uma reflexão mais ampla sobre aceitação e libertação. “Para além de uma história sobre transgeneridade, o livro é sobre qualquer processo de silenciamento. Trago a minha história, a minha narrativa, mas o processo da história cabe a muitas pessoas que são silenciadas todos os dias, sobretudo as mulheres. O livro é para qualquer um que esteja nesse processo de sentir que sua voz não é escutada. Para que as pessoas entendam que ser diferente faz parte da vivência humana”, destaca.

Jorge Gauthier
Jorge Gauthier
Jornalista, adora Beyoncé e não abre mão de uma boa fechação! mesalte@redebahahia.com.br

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