A Secretaria Municipal da Saúde de Salvador divulgou nota desta quinta-feira (20) em solidariedade ao enfermeiro e coordenador da Atenção Primária em Saúde de Salvador, Abdon Brito, vítima de homofobia na noite da última terça-feira (18), em uma academia de Salvador, localizada no bairro de Brotas, conforme publicado pelo Me Salte/CORREIO.
O titular da saúde municipal, Leo Prates, manifestou repúdio à situação vivenciada pelo profissional: “Repudiamos veementemente o episódio lamentável de homofobia ocorrido com o Abdon Brito, profissional- gestor na saúde municipal. Nós não toleramos situações dessa natureza, nos solidarizamos com ele, e esperamos que não volte a ocorrer com nenhuma outra pessoa por qualquer tipo de discriminação. Não cabe mais esse tipo de atitude desrespeitosa, vergonhosa e no mínimo abominável”, declarou.
Brito é graduado em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia (2016), e especialista na modalidade Residência em Saúde Coletiva com Ênfase em Gestão e Planejamento em Saúde no Instituto de Saúde Coletiva/UFBA/SESAB (2019).
Além de atuar na saúde municipal há cerca de um ano, o enfermeiro é aluno do Mestrado Profissional no Programa de Pós-Graduação do Instituto de Saúde Coletiva/UFBA. Participou de atividades de pesquisa, extensão, com destaque na realização de Mobilidade Acadêmica através do Programa Ciência sem Fronteiras/Brazilian Scientific Mobility Program (2014-2015), na State University of New York at Albany (SUNY Albany), nos Estados Unidos e estagiou no Center for Global Health na School of Public Health da mesma Instituição.
Entenda o caso
Um momento de cuidado com a saúde física e mental se transformou em um episódio de humilhação e homofobia. Foi isso que aconteceu com o enfermeiro Abdon Brito, de 29 anos, na noite de terça-feira (18) ao chegar na academia Ávila Fitness no bairro de Brotas, em Salvador.
A situação homofóbica aconteceu por volta das 21h15. “Quando entrei na academia o instrutor estava com dois alunos héteros e falou ‘esse viadinho chegou, que não treina, e fica apenas tirando foto’. A fala ofensiva e homofóbica me paralisou, me impedindo de treinar por me sentir humilhado, e desrespeitado, me fazendo retornar para casa”, afirma Abdon, em conversa com o Me Salte/CORREIO.
Após ouvir o insulto homofóbico, o enfermeiro destacou que questionou o instrutor, que chegou a negar que teria proferido as falas.
“Na hora, eu questionei ao professor a fala e ele negou, mesmo eu provando que eu ouvi claramente a sua fala junto com outros alunos. Na hora, solicitei cancelamento da matrícula, e questionei ao mesmo a fala ofensiva a minha pessoa. Sou uma pessoa ética, com matricula na academia paga, e que jamais cometi nenhuma ofensa ao instrutor. Comuniquei ao coordenador da academia a situação, dizendo que iria cancelar e expus a situação feita pelo funcionário da academia. Ao chegar em casa, liguei para academia, e o coordenador me informou que o instrutor confessou que tinha dito a difamação direcionada a mim”, sinalizou Brito.
O enfermeiro registrou boletim de ocorrência nesta quarta-feira (19) para apuração do caso junto à Polícia Civil da Bahia. “Ele cometeu crime de homofobia, conforme artigo 20 da Lei 7716/2018. Houve desrespeito, violação da minha orientação sexual e um desrespeito a minha
liberdade de expressão e singularidade”, argumenta.
O enfermeiro pontua que foi a primeira vez que sofreu homofobia em um espaço como o da academia e que decidiu denunciar o caso para que isso não aconteça com outras pessoas.
“Eu sou cliente da academia. Jamais faltei respeito com ninguém e frequento a academia diariamente. Além da fala ter sido feito entre pares (mais dois heteros), que negaram a fala do instrutor. Não podemos achar que situações como essas não dão em nada e por isso estou tornando o caso público”, explica.
O Me Salte/CORREIO procurou a Ávila Fitness nesta quarta-feira (19). Proprietário do espaço, Taciano Ávila, informou que repudia qualquer tipo de preconceito e afastou o estagiário das atividades até que seja apurado o fato. “Peço desculpas em nome da academia e ressalto que já afastamos ele até que tudo seja apurado”.
Ap´ós o contato do Me Salte, o post abaixo foi feito no Instagram da empresa.
“A academia tem cerca de 8 anos que funciona. Nunca tivemos nenhum problema com nenhum funcionário com relação à discriminação. Sempre saímos em defesa, fazemos trabalhos sociais. Nos dias de hoje esse tipo de coisa não era pra acontecer mais. Temos que aprender a conviver com todos . Somos todos seres humanos. Temos que ter sempre um bom relacionamento. Repudiamos a homofobia, racismo e outras formas de discriminação”, afirmou o proprietário do espaço, por telefone, ao Me Salte/CORREIO.