Bruno Wendel e Jorge Gauthier
Após ter sido liberado da Central de Flagrantes, em Salvador, no início da manhã deste domingo (1), o empresário Edson Oliveira Lima Macedo, 32 anos, voltou a atacar o público LGBTQIA+ que ainda estava em frente à unidade policial. Desta vez, a ação foi frustrada, porque as vítimas correram para dentro da delegacia e, na perseguição, Edson foi novamente dominado pela polícia.
Horas antes, ele invadiu o Espaço Cultural Caras e Bocas, na Rua Carlos Gomes, destruiu o local e agrediu clientes e artistas.
“A gente reviveu o que a gente tinha acabado de viver, terror. Ele queria a conclusão do ato, a finalidade morte. Todos que estavam ali, em frente à delegacia, era LGBTQIA+”, declarou Rosy Silva, uma das proprietárias do Espaço Cultural Caras e Bocas, voltado para o público LGBTQIA+, na Rua Carlos Gomes.
Edson havia sido levado para a Central de Flagrantes após o ataque no espaço cultural. Na sequência, ele ainda tentou invadir o bar Âncora do Marujo, também voltado para o público LGBTQIA+, na mesma rua, onde também entrou em vias de fato com artistas e clientes. Segundo as vítimas do ataque, Edson é conhecido por brigar durante o consumo em ambientes LGBTQIA+.
Em sua página no Instagram, Edson se apresenta como empresário, proprietário da Fazenda Pedra Grande, em Queimadas, e da Fazenda Angical, em Mairi, e participante do Projeto Pelo Social, para famílias em vulnerabilidade social.
Era por volta das 8h desde domingo quando Edson deixou a Central de Flagrantes pela porta dos fundos. Vestido apenas com uma bermuda, ele partiu para cima do público LGBTQIA+, incluindo as proprietárias do espaço cultural. A equipe do Me Salte/CORREIO entrevistava uma das vítimas e registou o ataque. Veja:
Apavoradas, as vítimas correram para dentro delegacia e, ainda assim, foram perseguidas por Edson, que acabou contido pelos agentes do plantão. “Um ato de impunidade, um descaso com a gente. Os policiais civis acreditavam que nós já tínhamos ido embora. Ele tinha que ter ficado lá, pelo menos por um tempo. Ele tem ‘costas-quentes’. Se fosse um Zé Ninguém, estaria preso”, desabafou Rosy.
Esta não é a primeira vez que Edson se envolve com confusão em ambientes voltados ao público LGBTQIA+. Há pouco mais de 15 dias, ele discutiu com um garçom de uma sauna no Centro da cidade. “Não teve motivo. Ele chegou falando, agredindo verbalmente as pessoas. Inicialmente, sentou como cliente, normal. Começou a falar coisas sem sentido. Mas, ele é inteligente. Ele não partiu para a agressão porque estava num ambiente só homens, pois sabia que estaria desvantagem. Esta foi a segunda vez que ele esteve na casa. Na primeira, só falava alto”, contou Luciano Oliveira, proprietário do clube Olympus, na Rua Tuiuti, no Dois de Julho.
O Me Salte apurou que Edson criou confusão em outras duas saunas da cidade recentemente.
Ele foi ouvido pela polícia e liberado. Em nota, a Polícia Civil informou que “instaurou inquérito para apurar o fato. As vítimas e testemunhas foram ouvidas e receberam guias para realizar exame de lesão. A unidade também expediu as guias para perícia nos locais onde foram causados os danos. Importante ressaltar que o autor estava visivelmente alterado e chegou a ser atendido numa emergência psiquiátrica. Ele também informou fazer uso de medicamentos controlados e disse ter ingerido bebida alcoólica, além de ser usuário de drogas”.
O procedimento será encaminhado para a 1ª Delegacia (Barris).
Edson é natural da cidade de Mairi, no Centro-Norte da Bahia. No município, circula a informação de que ele seria pré-candidato a prefeito da cidade pelo partido Avante. O Me Salte/CORREIO entrou em contato com o partido, mas ainda não obteve resposta. Tentamos também falar com Edson na delegacia, mas ele não quis diálogo com a nossa equipe.