Imagine você fazer um trabalho e ter a informação que receberá o pagamento em até 30 dias. Mas isso não acontece. Se passam cinco meses e nenhum sinal do pagamento. Essa é a situação de pelo menos 20 artistas transformistas, bailarinos e performers que foram contratados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) para se apresentarem na edição de 2018 da parada do Orgulho LGBT da Bahia.
Em carta-manifesto enviada ao Me Salte artistas da cena LGBTQIA+ da Bahia como Bia Mathieu, Scher Marie, Petra Perón, Rainha Loulou e Sivaldo Tavares destacam que estão sem receber os cachês mesmo após sucessivas cobranças feitas ao GGB, que organiza o evento através do presidente Marcelo Cerqueira.
“O Grupo Gay da Bahia (GGB) contratou um grupo de artistas para se apresentarem no evento da Parada LGBTQI+ de Salvador, com promessa de pagamento de R$ 600 por artista. O prazo informado para o pagamento foi entre 10 e 30 dias. Em novembro começamos as cobranças individuais ao coreógrafo. Mas a contratação, de fato foi feita por Marcelo Cerqueira, presidente do GGB. Ele nunca nos deu um posicionamento sobre o motivo do não pagamento. Ele diz que estão tem prazo, que a secretaria não repassou a verba. Quando questionamos que secretaria foi essa, ele se recusa a falar”, afirmam os artistas, em nota.
Os artistas destacam que solicitaram ao presidente do GGB um orçamento do evento. ” Ele desconversa e diz que está indo a uma reunião. Quando pensa que esquecemos manda uma mensagem dizendo que semana que vem paga, mas neste descaso, estamos há 5 meses aguardando um pagamento que foi prometido acontecer entre 10 dias e 1 mês. Ele não atende mais nossas ligações e por esse motivo decidimos tornar pública a situação”, afirmam os artistas.
O Me Salte entrou em contato com o presidente do GGB que afirmou que ‘o pagamento não foi feito ainda porque o Governo do Estado tem um débito de R$ 86 mil de patrocínio com grupo. Esse valor seria usado para pagar os cachês dos artistas’.
O Governo do Estado, por sua vez, foi procurado pela nossa reportagem através da Secretaria de Comunicação que negou que houvesse qualquer débito com o GGB através das principais secretarias ligadas a esse tipo de atividade de patrocínio.
Questionado pelo Me Salte se havia algum documento que comprovasse o débito do governo com o GGB, o presidente do GGB limitou-se a dizer que ‘o valor é fruto de um acordo verbal feito entre o GGB e a Bahiatursa às vésperas da parada’.
A Bahiatursa, por sua vez, através da assessoria de comunicação, negou que tenha feito qualquer tipo de acordo verbal com o GGB assim como destacou que o órgão do governo estadual não patrocinou a parada de 2018.
Ao ser informado da negativa, o presidente do GGB afirmou que ‘ontem protocolei ao governador uma outra alternativa em relação a essa que é um projeto também para que ocorra o pagamento’, disse Marcelo sem dar mais detalhes do projeto e de quando haverá o pagamento.