A sensibilidade do grupo As Bahias e a Cozinha Mineira mesclam com a força e o poder da comunidade LGBTQIA+. A banda – formada pelas cantoras transexuais Assucena Assucena (vocal) e Raquel Virginia (vocal), além de Rafael Acerbi (guitarra) – acaba de lançar seu novo clipe ‘Das Estrelas’.
O clipe ‘romântico com final dramático’, com a própria banda definiu em entrevista ao Me Salte, é o primeiro passo de uma nova era na carreira artística da banda que ganhou o Brasil após os álbuns Mulher e Bixa.
O grupo assinou contrato com a Universal Music e ‘Das Estrelas’ é o primeiro trabalho do novo projeto. Ele foi lançado neste mês de janeiro, quando se comemora, no dia 29, o “Dia da Visibilidade Trans”.
A música “Das Estrelas”, que chega após um ano do lançamento do segundo álbum, “Bixa”, mostra esse amadurecimento da banda. “É o inicio de um disco que traz uma nova sonoridade, mais pop e abrangente”, diz Assucena, compositora da canção.
O clipe, dirigido por Rafael Carvalho, retrata a violência contra pessoas LGBTTT- Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros.
Para promover o assunto, o trio tem feito diversas ações em suas redes sociais. Entre elas, vídeos gravados nas ruas, onde os integrantes mostram para as pessoas a frase “Amai ao próximo como a ti mesmo” e questionam se elas acham que o amor é universal.
A banda está junta desde 2011 quando se conheceram no curso de História da Universidade do Estado da São Paulo (USP). A banda, que até então chamava Preto por Preto (em referência ao hit “Back to black”, de Amy Winehouse), resolveu assumir os gostos musicais de cada um e criaram As Bahias e a Cozinha Mineira, onde uma das musas inspiradoras foi Gal Costa.
O resultado deste encontro resultou no primeiro álbum em estúdio, no fim de 2015, chamado “Mulher”. O segundo álbum veio em 2017, intitulado “Bixa”. Em 2018, a banda ganhou dois troféus no 29º Prêmio da Música Brasileira: “Canção Popular – Grupo” e “Canção Popular – Álbum”, com o disco “Bixa”.
Confira abaixo entrevista da banda sobre a nova fase de trabalho:
Me Salte – Tanto no álbum “Mulher” quanto no “Bixa” as causas LGBTTTQIA+ estão evidentes. O que está sendo pensado para o novo álbum?
As Bahias e a Cozinha Mineira – O novo álbum não será diferente. Vamos abordar com poesia, lirismo e inventividade nossas pautas.
Me Salte – Assinar contrato com uma grande gravadora trará um novo fervor para a carreira da banda? Quando deve sair o próximo álbum?
As Bahias e a Cozinha Mineira – Se tornar uma banda de gravadora como a Universal obviamente traz mais oportunidades e visibilidade. Estamos sendo recebidas com muito carinho e nossa musicalidade está sendo desenvolvida com muita expectativa.
Me Salte – O que terá de diferente nessa nova produção? Algo muda na sonoridade?
As Bahias e a Cozinha Mineira – Estamos mais rock. Sempre a procura da batida perfeita. Vamos trazer outra roupagem. A gente gosta de inventar.
Me Salte – Vivemos no país onde mais se matam pessoas LGBTTTQIA+ no mundo. Como vocês acham que o trabalho e visibilidade de vocês pode colaborar para uma maior conscientização da sociedade sobre a necessidade de respeito à diversidade?
As Bahias e a Cozinha Mineira – Mata muito menos estar no imaginário cultural. Por isso é fundamental que nossa linguagem esteja disputando a narrativa da música. O nosso clipe que sai nesta sexta feira já vai dar o tom dessa colaboração.
Me Salte – Há previsão de novos shows em Salvador? E Carnaval, qual a ideia da banda?
As Bahias e a Cozinha Mineira – Sim. Voltamos no primeiro semestre. Vamos puxar trio em São Paulo, por enquanto.
Clique aqui e assista o clipe: