A dor da família do professor Jeovan Bandeira Lima, de 39 anos, morto carbonizado dentro de um carro ao lado do também professor Edivaldo Silva de Oliveira na cidade de Santa Luz, não acabou quando eles souberam das mortes em junho do ano passado. Somente nesta quarta-feira (11), sete meses após o crime, Jeovan poderá ser enterrado. Durante esse tempo o corpo de Edivaldo foi sepultado, os acusados do crime foram descobertos pela polícia, mas os restos morais de Jeovan permaneceram no Departamento de Polícia Técnica (DPT) da Feira de Santana esperando a identificação através de exame de DNA.

Eles demoraram sete meses para concluir a identificação do corpo. Passamos por todos os processos de quem perde o ente querido de uma forma sofrida como foi e essa dor só continuou por sete meses pois não podemos enterrá-lo ainda. Percebemos com isso que o Brasil não respeita os seres humanos. Com tanta tecnologia chega a ser ridículo o estado demorar tanto tempo para fazer os exames de DNA e reconhecer o corpo. Sete meses é muito tempo de espera para que está sentindo a dor da perda. Estamos nos sentindo órfãos do estado por essa demora. Isso é tudo muito triste, disse Sival Lima, irmão de Jeovan em entrevista ao Me Salte. O corpo, segundo a família, foi liberado nesta segunda-feira (09). Hoje (10), eles estão resolvendo os trâmites do sepultamento.

Nesta quarta-feira, Jeovan será homenageado pela família e amigos no auditório do Colégio Estadual Nilton Oliveira Santos. Em seguida, seus restos mortais serão levados para o distrito de Pereira, também em Santa Luz, para ser sepultado. Ele era muito querido e merece uma homenagem, ressalta o irmão.

Espera e dor
Sival ressalta que, durante esse tempo de sete meses de espera, foi informado por funcionários do DPT que a demora em identificar o corpo e liberar para sepultamento deu-se por falta de materiais para realizar os exames de DNA por questões de economia. Procurado pelo Me Salte, o DPT disse, em nota, que o tempo para liberar o corpo foi necessário em função da condição que o mesmo foi localizado.

O laudo do exame de DNA de Jeovan Bandeira Lima já foi liberado e o corpo já está à   disposição da família para liberação. O exame de DNA é a última possibilidade de identificação humana, ele só é realizado quando não são possíveis as identificações pelas impressões digitais ou pela arcada dentária. Nos casos de carbonizados, putrefeitos ou ossadas cujas amostras ficam bastante deterioradas, o processamento para extração do DNA requer um maior prazo. Não há, portanto, por parte do Departamento de Polícia Técnica descaso ou falta de sensibilidade com o sofrimento das famílias, informou o DPT da Bahia, através da assessoria de comunicação em nota ao Me Salte.

 

Professores foram carbonizados pelos bandidos

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Crime

Edivaldo Silva de Oliveira, o Nino, e Jeovan Bandeira, que eram amigos e homossexuais assumidos, tiveram os corpos mortos por carbonização depois que foram assaltados e sequestrados na cidade de Santa Luz. No dia 6 de dezembro de 2016, Gleice da Costa Anjos, de 19 anos, e um adolescente de 17 anos que participaram da morte dos professores confessaram o crime. A dupla apontou Alan Militão Pires, morto em dezembro após deixar a delegacia da cidade de Valente onde estava preso por tráfico de drogas, como mentor do crime após uma tentativa de sequestro frustrada. O grupo, segundo a investigação, decidiu queimar o carro onde estavam os professores depois que, enquanto fugiam, o veículo capotou na estrada.

10 de janeiro de 2017

Após sete meses, corpo de professor gay morto carbonizado é liberado para sepultamento

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