A sensação é sempre de voltar aos 16 anos com tênis All Star no pé e lágrimas nos olhos por amores que sequer eu sabia que existiriam um dia. É assim que me conecto com Los Hermanos – aquela banda super amada e super odiada por Deus e o mundo. Na noite de sexta-feira (5) eles voltaram (mais uma vez) a fazer shows juntos estreando a nova turnê em Salvador. A Itaipava Arena Fonte Nova ficou parecida com meu quarto de paredes verdes do apartamento conjugado que morava com meus pais.

O cenário mudou mas a paixão pelas canções segue a mesma (em mim e nas milhares de pessoas que foram ao estádio). Não teve uma música que não fosse cantada em coro. Muitas levaram o público a catarses gerais ou individuais.

Dos casais heteros (ampla maioria do espaço) às POCs pude constatar que, de fato, Los conseguem transitar nos mais diversos públicos. Afinal, no fundo no fundo, todo mundo tem sentimentos que podem ser tocados pelas canções da banda. Ninguém consegue ficar sem tremer o coração ao som de ‘Sentimental’. Ninguém é capaz de não cantarolar os versos de ‘Morena’ nem mesmo ficar incólume à controversa ‘Anna Júlia’.

Nesse aspecto das diferenças de orientações sexuais do público não posso deixar de comentar a repulsa com o comportamento do ‘hetero da idade das pedras’. Não há nada mais irritante ver os caras puxando as mulheres pelo braço enquanto anda ou mesmo ‘fazendo pose de casal’ (ela na frente e ele abraçado) de uma forma que não deixa sequer a moça se mexer. Obviamente que isso não é com todos os casais heteros que estavam lá, mas ver essas cenas em grande número me fez constatar que a sociedade precisa avançar muito nesse aspecto. O mesmo cara que cantarola canções lindas de amor dos Los é o mesmo que age de forma escrota no mesmo momento. Como diz uma amiga: ‘não tenho nem roupa para ser hetero assim’. #vergonha

Desabafo feito vamos voltar ao show. Da última apresentação da banda na capital baiana, em 2015, pra cá quase nada mudou. A banda é a mesma: Marcelo Camelo (voz e guitarra), Rodrigo Amarante (voz e guitarra), Rodrigo Barba (bateria) e Bruno Medina (teclado). As músicas são quase sempre as mesmas – a exceção de Corre, Corre lançada agora a reboque depois de 14 anos sem inéditas. Um show a parte foi a iluminação do palco e dos telões que passavam uma conexão alucinógena.

E daí? Acho que ninguém se importa com isso. O repertório do show é baseado em quatro álbuns da banda: Los Hermanos (1999), Bloco do Eu Sozinho (2001), Ventura (2003) e 4 (2004). Quase todas as músicas mais famosas foram tocadas.  Talvez uma ou outra tenha sido esquecida, mas para quem é fã mesmo foram momentos de reencontros com as canções e memórias do passado.

Na verdade mudou mesmo foi a percepção sobre algumas canções. As experiências da adolescência para cá dessa geração de fãs de Los Hermanos certamente foram permeadas pelas suas músicas. Acho que a sensação de que a banda pode (ou não ) voltar outra vez a se reunir faz com que a energia do reencontro seja única.

Quando as luzes da Fonte Nova se acenderam após o final do show a sensação era de êxtase. Eu fique anestesiado. A alma saiu do corpo, passeou pelo meu antigo quarto da adolescência e voou ao som d’o Vento, acordou para o tempo e para o tempo não parou!

Vida longa, LH (juntos ou separados). E, enquanto vocês não voltam o negócio é segurar a onda no Youtube, Spotfy e afins.


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A volta de @loshermanos enche o coração de alegria, traz as lembranças dos 16 anos e um sabor de catarse que eleva a alma. #loshermanos

Uma publicação compartilhada por Me Salte (@me_salte) em

6 de abril de 2019

Los Hermanos: sobre chorar por amores inexistentes e ver a alma deixar o corpo

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