Por Alan Pinheiro, do Correio 24horas

Desde 2018, quando foi criado o Núcleo de Ações Afirmativas (NAA) no Esporte Clube Bahia, a equipe baiana se posiciona em diversas questões sociais, com destaque para as campanhas contra a Lgbtfobia. Em 2020, uma das ações realizadas pelo clube foi a troca da numeração de um dos jogadores do elenco para o 24. Na ocasião, o próprio Bahia questionou a associação homofóbica e respondeu que se tratava de um “número de respeito”, como dito na campanha.

O tal jogador escolhido para carregar o número na partida contra o Imperatriz-MA, pela Copa do Nordeste, foi o volante Flávio Medeiros. Em entrevista para o CORREIO, o paulista contou sobre o processo para ser o escolhido para vestir a camisa 24 do Bahia.

“Partiu do clube a iniciativa. Eles me procuraram, me questionaram se eu curtia a ideia. Eu nunca entendi muito bem o porquê do preconceito com o número. Aceitei prontamente quando surgiu a possibilidade ali no Bahia de vestir o número para uma campanha. Fiz questão de me prontificar a ajudar a vestir, tanto que até hoje eu uso o número, em todos os times que passei. Achei super bacana na época”, disse.


⁠Qual é a sua visão sobre a lgbtfobia dentro dos vestiários dos clubes?

Acho que ainda existe, mas por ser um assunto com muita barreira, é bastante velado, ninguém fala muito sério sobre. Ainda há nos vestiários e no futebol como um todo, claro, essas questões de preconceito. Mas a gente vai naturalizando as coisas, como usar a camisa 24, para que esse tipo de preconceito fique apenas no passado.

⁠Na ocasião, você disse que  a 24 era só mais um número e que não tinha problema em usá-lo. Hoje, muitos grupos LGBT estão tentando ressignificar essa numeração. Ainda acha que é só um número como os outros ou tem uma importância maior?

Ainda acho que é só um número. Claro que por ter sido utilizado ali na época no Bahia como forma de ajudar numa campanha contra a LGBTfobia, ali na época representou realmente um basta ao preconceito. Mas sempre achei só um número, que me fez bem inclusive. Me dei bem com ele e sempre usei com a maior tranquilidade do mundo.

Como atleta, participar de uma campanha como a do Bahia em 2022 é importante de que forma?

Me senti honrado, claro. Como atletas, somos exemplo e espelho para todo mundo, principalmente as crianças. Então toda vez que a gente participa de uma campanha contra qualquer tipo de preconceito, é um motivo de orgulho.

Já ouviu alguma ‘brincadeira’ ou ‘piada’ homofóbica dentro do vestiário?

Brincadeiras sempre existem no vestiário, infelizmente essa é uma realidade que ainda creio que vá demorar para mudar completamente. Mas é fazendo nossa parte devagar que conseguiremos ajudar.

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