Quem viu o cantor Saulo fazendo a festa da virada de ano em Salvador na Praça Cayru certamente prestou atenção na sua roupa: uma mistura de blusa e saia brancas. O que pouca gente sabe é que a produção tem DNA baiano e, mais do que isso, vem de uma marca que produz peças sem gênero definido para uso. Explicando: as peças são da Rôpa Studio Art, desenvolvidas pelo design de produto e visual merchandiser Helton Reis, de 30 anos.
A Rôpa Studio Art foi criada por Helton em maio de 2016 com o objetivo de construir roupas que não tivessem o gênero determinado – uma tendência que vem de grandes marcas nacionais e internacionais. “A moda é sem dúvida uma das maiores ferramentas de expressão do tempo, dos desejos vigentes numa sociedade e porque não dizer de suas inquietudes também. Já a algum tempo observo nas ruas e redes sociais, crescentes discussões sobre re-significar padrões e códigos comportamentais. A fluidez de gêneros no vestuário é um desses códigos que vêm sendo revisitados, roupa é ALGO QUE VESTE PESSOAS independe de qual gênero ela pertença. E observando o espírito do tempo decidir atuar neste novo segmento da moda que têm ganhado cada vez mais força”, explica Helton em entrevista exclusiva ao Me Salte.
Ele conta que, no caso de Saulo, a roupa chegou até o cantor com o objetivo de representar leveza – uma marca registrada nas produções da Rôpa Studio Art. “A proposta era transmitir leveza e fluidez, conforto também foi uma diretriz importante. A modelagem tem referências orientais, aquela saia que ele usou lembra um rakama [usada em cerimônias nipônicas] ela se transforma numa calça Tailandesa [saruel de gancho super baixo]”, conta Helton. As peças chegaram a Saulo através do seu stylist, Sandro Lopez, que conheceu a marca  Galeria Itinerante FLUXO que aconteceu no MAB [Museu de Arte da Bahia]. Além do look do Réveillon, Saulo também  usou uma outra Saia-Calça no mesmo dia em Ilhéus.
Referências e preconceito
No mundo cheio de preconceitos em que vivemos,  Helton relata que tem percebido um interesse pelas peças que não trazem o rótulo de “masculino” e/ou “feminino”. “Tenho observado uma aceitação da ideia, muitos homens tem se interessado pela proposta da marca [pelas saias em particular] e muitas mulheres também têm recebido com bastante entusiasmo. Outro dia, numa feira, um rapaz falou Olha mô, dá pra a gente usar a mesma roupa de boa, relata ele que se inspira nas produções nas estéticas tropical e urbana e os desdobramentos da streetart. “A tropicália e o movimento multiétinico são referências bem presentes no trabalho”, complementa.
Uma coisa que chama a atenção na marca são as estampas tropicais e, conforme adiantou Helton ao Me Salte, vem novidade por aí. “Nesse primeiro momento da marca, tenho garimpado estampas entre os fornecedores, sempre dou preferência as que têm pouca metragem (que foram fabricadas em menos volume). Recentemente fechei parcerias com artistas visuais locais para desenvolver micro coleções, em breve haverão estampas assinadas e exclusivas”, diz.
Olha só o look de Saulo com a saia-calça da Rôpa em Ilhéus