Sai do meu corpo. À meia luz, com músicas e um toque sensível em cada parte do meu corpo. Literalmente do fio do cabelo à sola do pé. Pela primeira vez na vida fiquei pelado na frente de um homem durante duas horas – só eu e ele – dentro de um quarto de portas fechadas sem transar. Mas foi melhor do que isso. Tive orgasmos. Intensos. Boca seca. Corpo trêmulo. Senti minha pele se descolar da minha alma e o meu corpo tremer na vibração dos sons. O clima parecia sensual. Tinha tudo para ser sexual, mas não era isso. Foi além. Pelo toque de Rajan, terapeuta tântrico, conheci os orgasmos secos por duas horas quando recebi uma massagem tântrica. Foi transcendental. Entrei em transe.

Através da massagem tântrica percebi a existência dos orgarmos secos (sem necessariamente ter ejaculação) das maneiras e em locais pouco prováveis do meu corpo. Eu estava nu, de olhos fechados, respirando lentamente e sentindo a ponta das unhas de Rajan por toda minha pele. Até que ele chegou na sola do pé direito e deslizou em sentido transversal. Fui no céu e tive o primeiro de muitos orgasmos secos em duas horas de sessão. Sensações deliciosamente incontroláveis.

Os outros vieram no compasso dos mantras que ecoavam de pequenas caixas de som acopladas ao celular do terapeuta. À medida que o nível da massagem avançava começava a perder ainda mais o domínio do meu corpo. A região genital é sagrada para o tantra e nela se concentraram os mais intensos e sensíveis toques de Rajan.  Raiz, corpo e glande receberam – juntos ou separados – toques especiais.

Sorria, gargalhava. Tentava controlar mas era em vão. A mente fugia do quarto, buscava lembranças, memórias e afetos. Vinha um riso profundo novamente. Sentia o corpo tremer, a boca secar e os genital queimava de forma vibrante.

E assim se seguiram por inúmeros outros orgasmos secos. A cada nova área do corpo explorada por toque, assopros, voz e gestos não masturbatórios eu sorria com um prazer libertador. Contorci meu corpo. Tremi. Arranhei as paredes a ponto de ficar com tinta debaixo das unhas. Senti meu corpo queimar numa intensidade solar.

Não era apenas sobre sexo. Não tinha paixão. Era conhecimento. Ri para expurgar a tristeza que me abateu pela vida especialmente esse mês passado quando fechei um ciclo solar. Foi o fim do inferno astral pelo toque e pela voz de Rajan. Voltei a sorrir depois de quase um mês. Percebi que me fazer feliz só depende da minha permissão, vontade e entrega.

Os problemas continuam. As dores persistem mas minha percepção sobre a minha realidade foi ressignificada.

Sentir a ponta dos dedos e unhas dele na minha genital potencializado por óleo a base de água me levaram para outro plano. Vulnerável , ali deitado e pelado sendo dominado em comandos por outro homem, senti que o processo de autoconhecimento vai além do corpo. É coisa de mente e de energia.

Quando sai da massagem fiquei em extase. Passei 20 minutos olhando para um grafite no meio da rua. Tomar banho foi sentir a vibração das gotas de água no meu corpo. Minha insônia, fiel companheira nos últimos tempos, teve seu descanso pela primeira vez. Sonhei com amores, dores e felicidades.

Fazer a massagem tântrica foi como tomar um sorvete gelado em um dia de sol escaldante. Refrescante, delicioso e colapsante. É algo que devolve o riso após a longa caminhada. Eu voltei a sorrir.

leia mais na edição deste domingo no caderno Bazar do Jornal CORREIO

5 de agosto de 2018

Sobre orgasmos secos e tudo que senti fazendo massagem tântrica pela primeira vez

Sai do meu corpo. À meia luz, com músicas e um toque sensível em cada parte do meu corpo. Literalmente do fio do cabelo à sola […]