Entre os dias 27 e 29 acontece a Semana da Visibilidade Trans no Teatro Gregório de Mattos. Para fazer valer a data, até a divulgação do evento será feita por um artista transgênero. Àlex Ìgbó, que também é educador, conta que a inspiração para seu trabalho vem das travestis. A informação foi divulgada na edição deste domingo do caderno Bazar no jornal CORREIO.
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Àlex começou a desenhar com 10 anos, mas só fui entender o poder da arte já com 23 anos, diz. A transgeneridade influencia totalmente meu processo criativo, pois foi pesquisando, vendo e convivendo com travestis que me descobri, foi um processo intensamente lindo, conta, referindo-se à relação entre sua condição e sua produção artística.
Em entrevista ao Me Salte, Àlex Ìgbó explica sobre seu processo criativo:Â
Me Salte – Â Quais as suas inspirações para produção da ilustração da Semana?
Àlex Ìgbó – Minha inspiração vem das travestis. Em 2010, na parada gay, elas me deixaram intrigado e encantado. Fui para casa com a mente quebrada! Como é possível um corpo tão híbrido? Foi a partir daí que me aprofundei em pesquisa e leituras para saber mais sobre “elas”. Nas leituras, eu encontrei depoimento das mesmas, mas a sua imagem ainda era marginalizada. Então, ao entrar na UFBA, em 2011, no curso de licenciatura em desenho e plástica, comecei a desenvolver um projeto chamado Decifra-me, desconstruir através da arte as imagens estereotipadas sobre as travestis.Com esse projeto, tive a oportunidade de participar de um intercâmbio artístico na Cidade do México onde realizei uma performance e pude conhecer as travestis de lá.
Me Salte – Desde quando você trabalha com arte?
Àlex Ìgbó – Comecei a desenhar com 10 anos. Mas fui entender o poder dá Arte já com 23 anos!
Me Salte – Quais os seus questionamentos com relação ao corpo e suas representações?
Àlex Ìgbó –Â Nesse processo fui me descobrindo também. Tivemos uma educação muito conservadora onde o corpo é o principal alvo de controle. Na arte não existe homem é mulher. Existe o ser! E isso ajudou a me compreender, a ouvir meu corpo.
Me Salte -Seus outros trabalhos também retratam imagens sobre corpos?
Àlex Ìgbó –Não trabalho com o corpo para criar polêmica. A polêmica existe por causa da ignorância de não saber viver com a diferença. A arte que faço questiona os padrões e mostra que o ser é muito mais que masculino ou feminino.
Me Salte – O quanto a transgeneridade influencia no seu processo criativo e resultado final das peças?
Àlex Ìgbó -Â A transgeneridade influencia totalmente no meu processo criativo, pois foi pesquisando, vendo e convivendo com as travestis que me descobri, foi um processo intensamente lindo.