O artista visual santoamarense radicado em Nova York, Roque Boa Morte, iniciou colaboração com a equipe da Beija-Flor de Nilópolis para o desfile de 2026, que homenageará o centenário do Bembé — uma das mais importantes celebrações afro-brasileiras. Como parte da programação do Bembé do Mercado deste ano, Roque lançará o acervo visual resultante de sua pesquisa: mais de 9.000 imagens, agora oficialmente integradas ao Museu Afrodigital do Brasil, vinculado à UFBA. A iniciativa oferece visibilidade qualificada, nacional e internacional, às memórias visuais da comunidade santoamarense.

A pesquisa é inédita por seu enfoque visual e pela exclusividade de registro do Bembé durante o período pandêmico, revelando camadas invisibilizadas da celebração. O acervo representa um marco na luta contra o apagamento histórico das tradições afro-brasileiras, fortalecendo a memória coletiva, fomentando novas investigações acadêmicas e culturais, e inspirando iniciativas como a da Beija-Flor, que encontra nesse material uma base ampla e respeitosa para o desenvolvimento de seu enredo.

O Bembé do Mercado 2025 aconteceu de 12 a 18 de maio, em Santo Amaro/BA, com programação gratuita e diversa. Um dos momentos mais aguardados foi a abertura da exposição “Bembé: a Festa dos Olhos do Rei”, no dia 16 de maio, às 16h, no Largo do Mercado. No dia seguinte, 17 de maio, também às 16h e no mesmo local, foi realizado uma roda de conversa e o lançamento oficial do acervo digital, com a presença de representantes da UFBA, da comunidade e dos mestres e mestras da tradição

Pesquisador oriundo do próprio território que mantém viva a tradição do primeiro candomblé de rua do mundo, Roque foi um dos nomes locais que contribuíram com a equipe da escola campeã do Carnaval de 2025 em Santo Amaro (BA). Sua pesquisa, desenvolvida ao longo de cinco anos de trabalho de campo e fruto de seu mestrado na Universidade Federal da Bahia (UFBA), adota uma abordagem que ele denomina etnopoética — uma escrita antropológica visual da festa, construída a partir de um olhar de dentro.

“O Bembé já tomava conta do meu imaginário, mas foi através do trabalho de Roque Boa Morte que eu realmente entendi a verdadeira magnitude dessa celebração. Foi a sensibilidade visual dele, somada à experiência de anos estudando o Bembé, que me permitiu vislumbrar um grande espetáculo visual, cheio de bênçãos da nossa ancestralidade para a Beija-Flor. A importância do acervo de Roque não está apenas no que se vê, mas no que se sente!”, afirma João Vitor Araújo, carnavalesco da Beija-Flor.

Como parte da programação do Bembé do Mercado deste ano, Roque lançou o acervo visual resultante de sua pesquisa: mais de 9.000 imagens, agora oficialmente integradas ao Museu Afrodigital do Brasil, vinculado à UFBA. A iniciativa oferece visibilidade qualificada, nacional e internacional, às memórias visuais da comunidade santoamarense.

O desfile da Beija-Flor em 2026 promete levar essa memória comunitária à Marquês de Sapucaí com força, beleza e reverência, reforçando o protagonismo negro e afro-baiano no maior espetáculo da Terra.