Esse verso faz parte da música Boas festas, uma das mais lindas e ao mesmo tempo mais tristes canções de Natal. Talvez você não saiba. Trata-se de uma composição feita por um baiano de Santo Amaro da Purificação: Assis Valente (nasceu em 19 de março de 1911 e morreu em Também conhecido por outro clássico “Brasil Pandeiro” gravada por Carmem Miranda e regravada anos depois pelo grupo Novos Baianos.
Segundo o jornalista e biógrafo Gonçalo Junior
Em função de uma dívida cobrada por Elvira Pagã Assis Valente tentou o suicídio pela primeira vez, cortando os pulsos. Elvira cantara alguns de seus sucessos, junto da irmã.
Em 1938, chegou a anunciar que encerraria a carreira de compositor; a revista Carioca, neste ano, declarava em matéria em sua homenagem: “Assis Valente foi sem dúvida alguma uma das maiores revelações do samba nos últimos tempos. Seu nome surgiu num instante. Cresceu rapidamente (…) Foi durante muito tempo o “ás” da música popular. Não subia uma revista à cena que uma, ou mais, de suas músicas não fossem incluídas na peça. Foi um nunca acabar.”[
Casou-se, em 23 de dezembro de 1939, com Nadyli da Silva Santos. Em 13 de maio de 1941, tentaria o suicídio mais uma vez, saltando do Corcovado — tentativa frustrada por haver a queda sido amortecida pelas árvores. Em 1942, nasce sua única filha, Nara Nadyli, após o que separa-se da esposa.
“Desesperado com as dívidas, Assis Valente vai ao escritório de direitos autorais, na esperança de conseguir dinheiro. Ali só consegue um calmante. Telefona aos empregados, instruindo-os no caso de sua morte, e depois para dois amigos, comunicando sua decisão. Sentando-se num banco de rua, ingere formicida, deixando no bolso um bilhete à polícia, onde pedia ao também compositor e amigo Ary Barroso que lhe pagasse dois aluguéis em atraso. Morria às seis horas da tarde. No bilhete, o último “verso”: