“Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel” – Blog do Marrom

“Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel”

“Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel”

Esse verso faz parte da música Boas festas, uma das mais lindas e ao mesmo tempo mais tristes canções de Natal. Talvez você não saiba. Trata-se de uma composição feita por um baiano de Santo Amaro da Purificação: Assis Valente (nasceu em 19 de março de 1911 e morreu em  Também conhecido por outro clássico “Brasil Pandeiro” gravada por Carmem Miranda e regravada anos depois pelo grupo Novos Baianos.

Segundo o jornalista e biógrafo Gonçalo Junior

“O baiano José de Assis Valente tinha 24 anos em 1932, já vivia há quatro no Rio de Janeiro e estava sozinho e deprimido na noite de 24 de dezembro, véspera do Natal. Viu uma folhinha de calendário na parede, em um quarto de pensão em Niterói, pegou papel e lápis, começou a escrever.
Anoiteceu, o sino gemeu
E a gente ficou
Feliz a rezar…
Naquela noite solitária, estava nascendo uma das mais conhecidas canções populares do Brasil, que alguns consideram o “hino” do Natal”.

Em função de uma dívida cobrada por Elvira Pagã  Assis Valente tentou o suicídio pela primeira vez, cortando os pulsos. Elvira cantara alguns de seus sucessos, junto da irmã.

Em 1938, chegou a anunciar que encerraria a carreira de compositor; a revista Carioca, neste ano, declarava em matéria em sua homenagem: “Assis Valente foi sem dúvida alguma uma das maiores revelações do samba nos últimos tempos. Seu nome surgiu num instante. Cresceu rapidamente (…) Foi durante muito tempo o “ás” da música popular. Não subia uma revista à cena que uma, ou mais, de suas músicas não fossem incluídas na peça. Foi um nunca acabar.”[

Casou-se, em 23 de dezembro de 1939, com Nadyli da Silva Santos. Em 13 de maio de 1941, tentaria o suicídio mais uma vez, saltando do Corcovado — tentativa frustrada por haver a queda sido amortecida pelas árvores. Em 1942, nasce sua única filha, Nara Nadyli, após o que separa-se da esposa.

O suicídio

“Desesperado com as dívidas, Assis Valente vai ao escritório de direitos autorais, na esperança de conseguir dinheiro. Ali só consegue um calmante. Telefona aos empregados, instruindo-os no caso de sua morte, e depois para dois amigos, comunicando sua decisão. Sentando-se num banco de rua, ingere formicida, deixando no bolso um bilhete à polícia, onde pedia ao também compositor e amigo Ary Barroso que lhe pagasse dois aluguéis em atraso. Morria às seis horas da tarde. No bilhete, o último “verso”:

Vou parar de escrever, pois estou chorando de saudade de todos, e de tudo.