Quando Gal Costa encerrou a primeira noite, ontem, dia 12 de março (das duas programadas para Salvador, com ingressos esgotados no TCA) do seu novo show As várias Pontas de Uma estrela, a sensação que eu tive foi a de que estava revivendo as inesquecíveis temporadas de Verão na capital baiana, no mesmo teatro com os grandes artistas da MPB.
O que veio a se confirmar depois que conversei com minha amiga Bebete Martins (atualmente morando em Michigan, nos EUA) que viveu esses grandes verões e ela teve a mesma sensação. Com um detalhe especial: as pessoas estavam numa felicidade, a começar pela própria Gal Costa, ávidas para esse encontro afetivo, depois de um período baixo astral promovido por essa terrível pandemia da Covid 19. Não que ela tenha acabado. Mas era visível que as pessoas queriam esse encontro, poder abraçar os amigos (todos exemplarmente usando máscaras) atendendo até a um pedido da artista para que ninguém deixasse de usar.
E o mais importante: cantar todas as músicas a exemplo das compostas por Milton Nascimento a quem Gal se inspirou e dedica o show: desde Maria Maria, Cravo e Canela, Fé cega faca amolada, Ponta de Areia, Um gosto de sol (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos) Paula e Bebeto (numa parceria de Bituca com Caetano Veloso) entre outras. “É um show sobre a memória afetiva do Brasil, sobre vozes que sempre nos acolheram”, comentou a artista logo no inicio da apresentação.
Mas o repertório tinha também clássicos da própria Gal como Hotel das Estrelas (Jards Macalé) do cultuado disco Fa-Tal. A música Gabriel (Beto Guedes) que ela dedicou ao seu filho homônimo que já está com 16 anos. De Caetano, sempre presente na vida e obra de Gal ela canta Baby, Minha Voz, minha vida, Mãe, Dom de Iludir. Tem também Tom Jobim com Desafinado, e Estrada do Sol (parceria de Tom com Dolores Duram), Acaí (Djavan) o sucesso de Um dia de Domingo (Michael Sullivan/Paulo Massadas) que ela gravou originalmente com Tim Maia. “Na época fui bastante criticada por ter gravado essa música” desabafou Gal.
O grande momento do show foi a interpretação de Nada Mais, versão de Ronaldo Bastos para Lately, de Stevie Wonder. O teatro inteiro aplaudiu de pé. Foi emocionante. E o bis com Brasil de Cazuza, que mesmo composta em 1988 ano em que ela gravou, continua tão moderna quanto na época em que foi escrita pelo saudoso cantor e compositor. Gal canta acompanhada por: André Lima (teclados), Fábio Sá (baixo elétrico e acústico) e Victor Cabral (bateria e percussão).
Resumo da ópera: Gal estava linda, alegre, solta e muito feliz por estar cantando em sua cidade natal no Teatro Castro Alves de memoráveis lembranças. E o melhor: recebendo o carinho e o amor do publico. Como os ingressos estão esgotados para a sessão deste domingo, não se desesperem. Conversando com Ju Velloso que assina a produção local, ela adiantou que Gal vai voltar, com esse mesmo show em outra data.
Foto: Gal Costa: (Neto Muniz Ferreira)
Enquanto ela não volta, para você não ficar na saudade veja o show gravado no Teatro Sérgio Cardoso em São Paulo.