Que o cantor e compositor Caetano Veloso sempre foi um carnavalesco, todo mundo sabe disso. Desde que retornou ao Brasil, em 1972, depois do exílio em Londres – ao lado de Gilberto Gil, ele teve que ir morar na capital da Inglaterra, obrigado pela ditadura militar -, ele sempre marcou presença na Praça Casto Alves onde acompanhava as passagens dos trios elétricos, dos afoxés e blocos de índios.
Era um Carnaval bem diferente do que assistimos hoje em dia. Não existiam aqueles trios mastodônticos, nem os blocos que mudaram completamente a moldura da folia. E também não tinha surgido a cena axé, que veio a acontecer em 1985 com a explosão de Luiz Caldas e Banda Acordes Verdes, com ‘Fricote (Nêga do cabelo duro)’, música composta por ele e pelo saudoso Paulinho Camafeu que, nos tempos do politicamente correto de hoje, seria massacrada. O próprio Luiz evita cantá-la para fugir do tribunal de exceção das redes sociais. Mas isso é outra história. Voltemos ao personagem desse Baú.
Além de folião, Caetano também compôs músicas que marcaram, e até hoje marcam, o Carnaval baiano. Como a clássica ‘Atrás do Trio Elétrico’, que praticamente apresentou essa genial invenção de Dodô e Osmar para o Brasil e o mundo. Sem falar em ‘Chuva, Suor e Cerveja’.
A geração que tem mais de 50 anos ainda hoje se emociona quando o trio elétrico de Armandinho Dodô e Osmar toca alguns desses sucessos que nos remete a um Carnaval que não existe mais, nem vai existir, porque os tempos são outros definitivamente.
Mas nem tudo está perdido. Como, pelo segundo ano consecutivo, não vamos ter a folia, por causa da pandemia da covid-19, você pode ouvir ou conhecer um álbum histórico chamado Muitos Carnavais que foi lançado pela gravadora Philips (atual Universal Music) no distante ano de 1977, reunindo clássicos do artista baiano e de outros compositores. São 12 faixas que retratam o espírito festivo dos baianos nas ruas da velha São Salvador. Quer conhecer toda a história do disco? Leia o Baú do Marrom no CORREIO online