Festas Populares do Recôncavo contadas por Gustavo Falcón – Blog do Marrom

Festas Populares do Recôncavo contadas por Gustavo Falcón

Festas Populares do Recôncavo contadas por Gustavo Falcón

Os livros: Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte e Nossa Senhora D´Ajuda  do sociólogo e jornalista, Gustavo Falcón, sobre a trajetória mariana desses festejos e sua importância para à identidade cultural da Bahia, serão lançados dia 10 de março a partir das 19h na Livraria Leitura (Salvador Shopping), com a presença de “Confreiras” da Irmandade da Nossa Senhora da Boa Morte vestidas à caráter e figurantes dos embalos da festa de Nossa Senhora D´Ajuda, como Cabeçorras e Mandus, a Fundação Hansen Bahia

Editados pela Solisluna, com capa de Enéas Guerra e design gráfico de Valéria Pergentino e Elaine Quirelli, os livros foram patrocinados pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia-IPAC, com apoio da Lei Aldir Blanc e os recursos advindos com a venda das publicações serão revertidos em prol das ações sociais das Irmandades de Nossa Senhora D´Ajuda e de Nossa Senhora da Boa Morte.
Amplamente ilustrados, os livros contam com fotos de Jomar Lima (Nossa Senhora da Boa Morte) e Elias Mascarenhas, George Almeida, José Dayubbe, Kin Guerra, Marcos Santos e Pedro Martins (Nossa Senhora D´Ajuda). As duas festas marianas de Cachoeira, capital religiosa do Recôncavo baiano, são expressões consideradas como patrimônio imaterial da Bahia e amparadas por políticas públicas em razão da sua relevância para a cultura brasileira.
Verdadeiro santuário mariano a céu aberto, Cachoeira, cidade localizada à beira do Rio Paraguaçú, concentra a maior parte das devoções marianas da região, cerca de nove, entre as que estão em pleno funcionamento e as que buscam sua reorganização.
– Trata-se de uma viva manifestação sócio-religiosa que mobiliza durante todo o ano a sociedade local, havendo uma Maria para cada gosto: Nossa Senhora do Rosário, padroeira da cidade, Nossa Senhora D´Ajuda, que é cultuada na mais antiga edificação religiosa de Cachoeira, uma singela capela datada do século XVI, Nossa Senhora da Boa Morte, uma instituição ímpar na história das confrarias leigas do Brasil, além de três Nossas Senhoras da Conceição; Do Monte do Alto do Rosarinho e dos Pobres, no bairro do Caquende, Nossa Senhora do Carmo, da Glória, do Amparo, dos Remédios, de Belém, entre outras, ressalta Gustavo Falcón, a respeito da inserção de Maria na cultura afro-brasileira local.
Os livros resgatam a milenar história de Maria, sua disseminação e popularização pelo mundo, a constituição das irmandades e devoções e sua assimilação pela cultura brasileira. No Recôncavo, cenário inicial desse entrelaçamento entre mitos europeus e cultos locais, a mariolatria atrai e se fortalece entre os mais simples e dessa união entre várias manifestações da fé, resultam as irmandades e seus ritos, festejos e cultos singulares. Em Cachoeira, a presença das religiões de matriz africana dialoga com a devoção mariana e o resultado disso é um forte enraizamento popular e vivas manifestações públicas de adoração cujas expressões mais significativas são os ritos públicos, as procissões religiosas e as celebrações mundanas, singulares e atraentes.
– A Festa da Boa Morte, por exemplo, já é, desde a década de 1970, um marco no que se chama de turismo étnico, criando, inclusive, uma diáspora reversa, trazendo, sobretudo, negros norte-americanos para os festejos de agosto na cidade. A Festa D´Ajuda, realizada ao longo do mês de novembro, por sua vez, com o apelo visual e sonoro dos “embalos”, deixou há muito de ser uma festa local, atraindo público de fora, inclusive de outros estados, para uma espécie de carnaval totalmente diferenciado movido a charangas e muita, mas muita mesmo, liberdade de expressão. Observa Gustavo Falcón.