Sempre presente em qualquer lista que indique as melhores e maiores cantoras do Brasil, a gaúcha Elis Regina que teve uma trajetória brilhante na chamada MPB, nos deixou há 40 anos, em 19 de janeiro de 1982, vítima de uma overdose de cocaína aos 36 anos. Foi um choque tão grande na época, pois a artista, nascida dia 17 de março de 1945 em Porto estava no auge e era mãe de três filhos João Marcello Bôscoli, Pedro Mariano e a cantora Maria Rita, frutos dos casamentos com Ronaldo Bôscoli e Cesar Camargo Mariano.
Apesar de ser uma unanimidade entre o publico e os colegas de profissão quando o assunto era sua arte de cantar, Elis também era conhecida como “Pimentinha” por ter uma personalidade forte e um temperamento explosivo. E eu tive oportunidade de presenciar um desses momentos na única vez em que a vi pessoalmente. No distante ano de 1978, dando meus primeiros passos no jornalismo e atuando na assessoria local da gravadora Philips (atual Universal) ao participar de uma entrevista coletiva da cantora em Salvador para o lançamento do show Transversal do Tempo, mesmo nome do disco homônimo.
Elis tinha feito dois anos antes o antológico show Falso Brilhante apresentado no Teatro Bandeirantes, em São Paulo, resultando no disco com o mesmo nome contendo, entre outras pérolas, as músicas Velha Roupa Colorida e Como Nossos Pais do compositor cearense Belchior. Que ela lançava para todo o Brasil. O show foi um sucesso arrebatador e o disco vendeu muito. Por isso seu próximo trabalho, o Transversal do Tempo era aguardado com muita expectativa.
Naquela época o contexto era de confronto e polarização entre uma ala da música popular brasileira representada pelos pós-topicalistas e um grupo mais engajado, ainda remanescente dos traumas da ditadura militar. A obra de Caetano propunha a distensão: “Odara”. “Gente é pra brilhar, não pra morrer de fome!” A ala mais engajada politicamente, no entanto, buscava o discurso mais cru – na época considerado “revanchista”. Neste grupo estava compositores como Aldir Blanc, justamente o diretor musical do show, ao lado de Maurício Tapajós. E no lado oposto estava outro personagem que vamos falar dele agora: o jornalista Luís Claudio Garrido.
E foi no meio desse turbilhão que Elis Regina desembarcou em Salvador para uma temporada do show Transversal do Tempo que foi realizado no Teatro ICEIA (Instituto Central de Educação Isaías Alves, atual CEEP Isaías Alves), aliás, um espaço que está abandonado). E antes do show estrear e fazer sucesso começou outro show particular da cantora com o então iniciante Garrido que terminou sem querer virando noticia. Para conhecer toda a história leia o Baú do Marrom no Correio online