“Eu fui convidado para gravar o disco de Caetano e foi muito bacana porque foi no meio da pandemia, e eu estava muito sem esperança com tudo, eu achava que nada mais ia voltar no nosso setor. Mas como Deus faz a coisa certa sempre, no seu tempo, me mandou esse convite pra gravar o disco de Caetano”.
“A gravação foi no Rio de Janeiro e Caetano pediu para o produtor musical dele, o Lucas me chamar para gravar com eles. Eu já tinha uma vontade de trabalhar com Lucas também e foi muito bacana porque só tinha voz, violão e eu precisava dar a intenção rítmica do disco“.
“Foi muito bacana dividir isso com Caetano, porque a gente tem um entrosamento no olhar, no arrepiar da pele e eu consigo entender os gestos que Caetano faz com o corpo e consigo entender quando ele me chama para gravar uma faixa que fala do Líbano, e eu tive que tocar instrumentos do Líbano darbuka, derbak e os sinos isso pra é muito enriquecedor, sempre foi muito enriquecedor desde quando eu tocava com ele”.
“É um dos maiores prazeres da minha vida e eu pra sempre estarei disposto a gravar com ele porque é uma faculdade, um aprendizado e renova a nossa vontade de pesquisar mais sobre música, sobre cultura e sobre comportamento e sobre toda essa imensidão cultural que Caetano nos leva através da musica dele”.
“Foram duas faixas que gravei no Rio de Janeiro e logo depois ele chamou para gravar, já estava começando a voltar aos poucos as coisas , a pequenos shows e trouxemos para a Bahia a faixa que ele queria que eu gravasse e mais uma outra que fiquei de gravar um instrumento, porque aqui na Bahia eu tenho mais instrumentos mas condições de oferecer um campo de sonoridade maior e ainda chamei um reforço de mais alguns percursionistas pra dobrar comigo as percussões e um experimento muito da hora”.
“E tem uma faixa também que a gente pôde gravar um samba reggae original, como era gravado antigamente, com baquetas de araçá e baquetas de vime que tocam os repiques, na época de Neguinho do Samba e Olodum era assim, e ai eu comprei essas coisas e os repiques com aro original como era na formação antiga do samba reggae do Olodum. A gente gravou essa faixa que ficou muito bacana. Um musica com uma mistura muito singela, muito linda, mas que entra aquela percussão do Olodum e essas possibilidades com Caetano existem só com ele eu consigo desenvolver tanta criatividade”.
Foto 1: Lucas Nunes, o ator João Vicente, Paula Lavigne, Caetano Veloso e Márcio Victor (Acervo Pessoal de Márcio)
Foto 2: Márcio Victor tocando na gravação do disco ((Acervo Pessoal de Márcio)