Há exatamente 50 anos, no dia 12 de outubro de 1971 estreava o show que iria causar um furor em toda uma geração, hoje com mais de 70 anos que pode assistir a performance de Gal Costa apenas no Rio de Janeiro e São Paulo. Enquanto Gil e Caetano estavam no exilio, Gal era quem segurava a bandeira do Tropicalismo. Esse show que depois virou disco, foi dirigido pelo saudoso Waly Salomão. E produzido por Paulinho Lima. Que depois de morar 50 anos no Rio de Janeiro voltou para a Bahia (ele é de Itabuna) e está vivendo “la dolce vita” em Boipeba.
A pedido do Blog, Paulinho mandou um depoimento sobre esse icônico show e ainda disponibilizou fotos do arquivo pessoal que contem pérolas das fotógrafas Thereza Eugênia (outra baiana que acabou de lançar um livro maravilhoso) e de Anna Janini. Entre essas fotos está a do banco utilizado durante as duas temporadas quando Gal está tocando e cantando “Fruta Gogóia” o violão cai. Ela comenta; “acontece”. Tudo registrado no disco. O banco pertence a Paulinho Lima que ainda guarda e vai mandar fazer uma reforma. Por falar em Paulinho em breve ele vai conversar com o staff da Cidade da Música da Bahia sobre seu acervo importantíssimo da MPB que ele tem guardado ao longo desse mais de meio século de produção com grandes nomes da música brasileira. Confira o depoimento exclusivo:
Paulinho Lima com um amiga na janela de sua casa em Boipeba onde mora atualmente
“Com o tempo o show GAL FATAL, ou GAL A TODO VAPOR, passou a ser determinante da vida de muita, muita gente. A gravação do show também, num LP duplo passou a ser cultuado por quem não teve oportunidade de ter visto o show. Confesso que nunca mais voltei a ouvir o disco. Da última vez, ainda no século passado, não tive boa impressão. Quase apanho quando revelo isso.
Assim vamos falar do show, de todas as pessoas que circulavam pelo Teatro Tereza Raquel, logo chamado de Terezão, pela turma que se dizia “ da pesada “.Não estão mais aqui Waly e Jorge Salomão, Luiz Melodia e sua turma do Estácio, Rubia, Pélora Negra, Rose, Carlos Pinto, Silvinha Sangirardi, wilma Dias, Leon Hiszman, Regina Rozemburgo, Oscar Ramos, Vinicius de Moraes, João Gilberto, Torquato Neto, e tantos outros ainda vivos que levavam Tereza Raquel a loucura por não se sentirem obrigados a pagar ingressos. Aquele espaço era deles é de seus convidados também.
A festa era diária antes e depois do show, num calor infernal do verão carioca.
Não consigo lembrar de onde vinha a minha calma para administrar todos os egos, solicitações e chiliques que ocorriam diariamente na entrada do Terezão. Naquele momento tão terrível que vivíamos aquele espaço, aquele show representava a esperança.Parece que foi ontem! Foi um previlégio ter participado daquele momento”.
Fotos: Thereza Eugênia, Anna Janini e Paulinho Lima