“Domingo no Porto da Barra Pesada
Ela sempre agrada ao gosto e ao olhar
Domingo no Porto da Barra Limpa
Todo mundo brinca entre ela e o mar
Domingo no Porto da Barra
Todo mundo agarra
Mas não pode amar”
Esse é um trecho de “Qual é, Baiana?” um antigo sucesso composto em 1977 por Caetano Veloso e Moacyr Albuquerque, também gravado por Gal Costa que retratava o que era frequentar a praia mais badalada e desejada dos baianos. Sempre foi assim. Em todos os verões desde os anos 1970 quando uma horda de artistas frequentava o local.
Como o próprio Caetano, Gilberto Gil, os Novos Baianos, passando por Angela Ro Ro, Marina Lima, Zizi Possi a atriz Regina Casé, Jussara Silveira, Charles Berro D´Água Mocó, Silvia Patricia, Petúnia Maciel, Dodoia, Tânia Soco Firme, Gal Karatê, Dedê Veloso, Sandra Gadelha. Enfim, uma fauna alegre e colorida que circulava na maior tranquilidade esse pedaço de praia em plena Baia de Todos os Santos. O Porto foi palco de grandes encontros onde todas as tribos se misturavam para curtir o por do sol ou fumar seu baseado (os que gostavam) ou tomar sua cervejinha gelada.
Pois esse lugar bucólico de repente virou manchete nos últimos dias pela série de crimes, assaltos e barbaridades como foi bem relatado na matéria assinada pelo repórter Gil Santos no CORREIO. Nunca se tinha visto tanta coisa horrível. Desde Tocarem fogo num casal de morador de rua que dormia ali perto da balaustrada; até brigas de gangs de traficantes. Tiros disparados a ermo e um corpo estendido na areia.
E para agravar o triste cenário, a pandemia causada pela Covid -19 mostrou ao Brasil cenas inusitadas: para evitar aglomeração a praia fica fechada no fim de semana e quando liberada teve até fila. Isso mesmo. Controle na entrada para não deixar fazer aquele formigueiro humano. Tanta notícia ruim bateu fundo em antigos frequentadores que presenciaram muitas histórias no Porto. Por isso o Baú do Marrom foi ouvir quatro personagens que eram figurinhas carimbadas (tinha centenas) no espaço:
A jornalista, e diretora Leticia Muhana (ex- TV Globo, Globonews, GNT, Viva); que vive no Rio de Janeiro mas tem casa em Salvador e ganhou o titulo de cidadã soteropolitana. Ela nasceu no Rio.
A fotógrafa carioca Evinha Freire que veio morar e continua em Salvador e registrou muitos momentos no local.
E o produtor e escritor Sergio Siqueira, também frequentador da aldeia hippie de Arembepe, hoje morando na Chapada Diamantina. Cada um relatou o que viu e viveu. Confira a repotagem completa no CORREIO Online.
Foto: Porto da Barra em 1982 – (Arquivo do CORREIO)