Depois das matérias de Mauro Ferreira no jornal O Globo em abril e de Claudio Leal no sábado (22 de maio) na Folha de São Paulo resolvi também falar sobre os 50 anos do icônico show Gal Fa-Tal que foi registrado em disco e consagrou Gal Costa como a grande artista pop brasileira. Confesso que se pudesse voltar o tempo eu adoraria para poder assistir o show. Porque em 1971 eu era apenas uma criança.
Mas depois que cresci e entrei na Faculdade de Jornalismo e comecei a escrever sobre música em jornais: primeiro na Tribuna da Bahia depois no Correio, com uma passagem pelo Jornal da Bahia, fui conhecer o disco. Que ouço até hoje. É um disco maravilhoso mesmo sendo gravado em condições quase precárias se comparada à tecnologia dos tempos atuais. O show tinha direção do saudoso Waly Salomão e produção de outro baiano, meu amigo Paulinho Lima que depois de morar por mais de 50 anos no Rio está de volta ao seu aconchego morando agora em Boi Peba. Ai eu entrei em contato com ele e pedi um depoimento sobre esse show que até hoje é lembrado e cultuado:
“Gal Fatal está completando 50 anos e isso parece que foi ontem! Quando nasceu em pleno anos de chumbo foi um tanto por acaso. O finado Teatro Opinião, nossa opção para um novo show, estava ocupado e, ao lado, foi criado um espaço pela atriz e produtora Ruth Escobar para montar CEMITÉRIO DE AUTOMÓVEIS, de Arrabal. A peça não alcançou o sucesso esperado e Ruth nos passou o espaço até ser ocupado por Thereza Raquel, a nova arrendatária, O espaço passou a ser chamado de Terezão, pela juventude carioca.
O local, sem nenhum conforto tornou-se o ponto de encontro para toda uma geração que buscava liberdade. A temporada inicial de duas semanas, devido ao sucesso, se duplicou em muitas outras e novas canções passaram a ser cantadas, as gravações “ao vivo” foram valorizadas e lançadas em LPs duplos, uma ousadia na época.
Foi tudo muito despretensioso e espontâneo. Nada mais que um grupo de jovens que gostava e precisava trabalhar. A junção dos elementos certos fez a receita ser um sucesso. Foi um tempo bom, de muita alegria e esperança!
No meu livro de memórias ANJO DO BEM GÊNIO DO MAL, dedico alguns capítulos a esse evento, com muito humor e detalhes! Não resta dúvidas! Não era só GAL que estava a todo vapor nas noites do Terezão. Sem o calor da plateia o vapor não teria zarpado”.
Abaixo o vídeo publicado pelo UOL