Num depoimento emotivo, o cacique Carlinhos Brown, que sabe das coisas, escreveu sobre a importância que o artista paraibano Renato Fechine, que nos deixou na segunda-feira (8) teve na construção da cena axé.
“O Axé Music tomou mais um baque na manhã desta segunda, dia 8, fazendo um movimento mais triste. Esse carnaval verdadeiramente não era pra existir. Perdemos hoje uma das maiores forças do movimento do Axé. Poucas pessoas sabem a contribuição de Renato Fechine para tudo que nós somos. Um cara importante para tantas noções estéticas musicais que hoje desfilamos mundo afora com o Carnaval, além de ser responsável por grandes hits, incluindo uma fase muito especial da música baiana, do É o Tchan, com “A Nova Loira do Tchan”, “A Dança da Cordinha” e outras canções.
Quando Renato chegou aqui, de João Pessoa, respaldado pelo seu grande professor Jocel, ele com seu guitarrão, tinha interesse em desenvolver a guitarra baiana. E mais ainda: de aplicar no trio elétrico uma musicalidade nunca vista. Nós somos pioneiros do Camaleão, porque tocamos juntos na banda Salamandra. Bem no início disso tudo, quando ainda fazíamos o circuito Barra-Ondina ao contrário, no que chamávamos de prévia de bloco. Um trio elétrico e caminhões puxavam os foliões atrás. Renato foi de extrema importância pra gente compreender a Bahia como Nordeste. Ele se aproximava de Alceu Valença, integrava muito mais a Bahia nesse sentido. E tinha um humor maravilhoso, múltiplos talentos, e além de um grande músico, foi um grande humorista.
Mas a sua grandeza estava na pessoa. Naquele jeito baixinho e sorridente, sempre alegre, promovendo nos outros uma auto-estima enorme. Um grande band líder também. E eu tenho um sentimento muito especial por ele, que foi meu vizinho também, em Brotas, e recordo com atenção e gratidão tudo que nós aprendemos juntos, em direção a que o Axé Music fosse a grande potência que é hoje. Que os querubins, os anjos da música e do bom humor, te recebam de braços abertos. Meus sentimentos aos familiares. Palmas para esse grande homem.”