A volta da Banda Flores do Mal 30 anos depois – Blog do Marrom

A volta da Banda Flores do Mal 30 anos depois

A volta da Banda Flores do Mal 30 anos depois

Musicalmente a Bahia sempre foi plural. E um exemplo disso é a Banda Flores do Mal que fez bonito nos anos 1980, durante uma década com sua mistura de rock em MPB, no momento em que a axé music dominava o cenário de cabo a rabo. A boa noticia: 30 anos depois os integrantes da banda se reuniram e gravaram um disco “Aquela Dor”, gravado ano passado, ao vivo, no estúdio Casa das Máquinas, de Tadeu Mascarenhas com músicas inéditas, incluindo uma parceria com Augusto de Campos, além de faixas do primeiro LP.

O álbum chega às plataformas digitais com sete músicas inéditas e traz, como bônus, músicas do LP Flores do Mal (1986). Formado por Paquito (voz), Heyder (guitarra), Eduardo Luedy (baixo) e Tony (bateria), o grupo atuou, de 1983 a 1990, numa Bahia marcada pela explosão da axé-music, mas também pelo grito de “bota-pra-fuder” do Camisa de Vênus. A Flores se destacava por seu rock, blues & baião, e lírica amoroso- irônica, diferente de qualquer outra em atuação na Bahia. Veja abaixo um histórico da Flores do Mal para quem não conhece o trabalho da banda:

“O LP aconteceu depois de a banda ter participado da peça “Colagens & Bobagens”, do grupo Amora Lá em Casa, em apresentações de sucesso em Salvador e São Paulo. Contou com a produção e técnica de Filipe Cavalieri (que atuava com Egberto Gismonti), que apostou naquele som. Demorou um ano para sair (se fabricava muito LP à época e os independentes ficavam na fila), e a receptividade foi muito boa. Hagamenon Brito, o “temido” crítico do jornal baiano A Tarde, por exemplo, publicou: “Banda sui generis por não encontrar referencial entre os grupos de Salvador, (…) mistura diversas influências mas não perde a linguagem anárquica do rock”. Apesar da boa aceitação, era difícil viver de rock e banda terminou no início dos anos 90. Talvez Salvador, naquele período, fosse “distante- demais-das-capitais”, pelo menos do mercado musical.

Seus integrantes continuaram na labuta/correria: Paquito tem músicas gravadas por Maria Bethânia, Daniela Mercury, Jussara Silveira e Sarajane. Co-produziu os CDs Diplomacia, de Batatinha (Prêmio Sharp/1999) e Humanenochum, de Riachão (indicado ao Grammy Latino/2001). Lançou três discos, o último, Xará (2019), tem participações de Caetano Veloso e Gerônimo. Caetano, numa faixa que provocativamente pede “silêncio” ao pessoal do rock e do axé baiano. Eduardo Luedy, baixista, é professor universitário na área de educação musical, tocou com Riachão, Jussara Silveira e Tony Lopes.O guitarrista Heyder é advogado, trabalhando no serviço público, e também faz parte da banda Stereopolitanos. Acompanhou Márcio Melo, Daldete e Reverendo T & os Discípulos Descrentes. O batera Toni vive nos Estados Unidos, onde tem uma empresa na área imobiliária. Quando deixou a banda, trabalhou como executivo de empresas de telefonia e varejo. Também atuou em banda-covers de rock e Pop”.

Foto 1 – Os integrantes da banda hoje (Uanderson Brites)

Foto 2 – Os integrantes da Banda em 1994 ((Marcelo/Divulgação)