Baiano de Ilhéus, criado em Salvador, o modelo Eric Fraga, 24 anos, depois de percorrer o mundo, mas sempre mantendo um elo com a sua terra natal está enfrentando um grande dilema. Atualmente em Istambul, (Turquia, pais de forte cultura muçulmana,) quer retornar ao Brasil. Comprou a passagem e quando estava pronto para voltar estourou a crise da pandemia do coronavírus e ai começou sua via crucis. Não conseguiu ser relocado para outro voo, a companhia aérea não devolveu o valor do bilhete e ele ao lado de outros baianos, tenta resolver com a embaixada brasileira na Turquia. Mas não consegue uma posição.
Em conversa com o Blog direto de Istambul (pelo fuso horário são seis horas na frente, portanto já é madrugada de quarta-feira) ele abriu o jogo e contou tudo o que está passando e apela para que os governantes intercedam para trazê- lo de volta à Bahia.
Ha quanto tempo você está fora da Bahia e do Brasil?
Eric Fraga – Eu tô fora do Brasil e da Bahia há 6 anos. E durante esse período eu voltei três meses somente. Volto uma vez a cada um ano e meio ou dois.
Quais países visitou e no momento está onde?
Eric Fraga – Eu já viajei a trabalho para vários países do mundo. Filipinas, Indonésia, China, Grécia, Chile, México, Estados Unidos, França, Inglaterra, Itália (onde fiz minha base em Milão) e agora estou na Turquia, em Istambul. Mas quero voltar para o Brasil.
O que aconteceu que você está querendo voltar ao Brasil e não está conseguindo?
Eric Fraga – Eu comprei um ticket há duas semana atrás que foi extremamente caro. E o voo foi cancelado cinco dias depois e não consegui o ressarcimento do valor completo, nem a realocação do ticket. Antes de comprar o voo, a gente já tinha entrado em contato com os órgãos responsáveis, como o Itamarati, mas nenhuma solução nos foi dada
Como você está vivendo ai com todo esse problema além da pandemia do coronavírus?
Eric Fraga – Aqui está tendo uma aversão muito grande contra os turistas. Vizinhos já vieram na minha casa e gritaram para a gente sair daqui. Teve outro fato triste que aqui está acontecendo o lockdown – quando a circulação de pessoas é totalmente proibida, a não ser em casos extremamente necessários -, mas eu estava sem água em casa e fui numa vendinha que fica ao lado de casa. Quando cheguei lá, uma viatura da polícia passou e os oficiais foram muito agressivos. Eles falavam muito pouco inglês e, em um diálogo de mais ou menos 40 minutos, tive que me explicar. Ainda assim, eles me empurraram e me fizeram assinar um documento que não tenho ideia qual seja. Eu tentei ter mais informações sobre o documento, mas eles não me deram nenhuma.
E o que você e outros baianos que estão na mesma situação estão precisando para resolver esse dilema?
Eric Fraga – A gente criou um grupo de brasileiros e começou a chegar muitos fatos de pessoas que estão numa situação desesperadora. Por isso, estou expondo tudo que estou passando nas minhas mídias sociais para ter uma repercussão e que a gente possa ser ajudado. Tem muitos brasileiros que estão aqui sem ter como se manter e sobreviver. Tem um caso de uma mulher que está com duas crianças e ela alega que turcos tentam arrombar a porta. Outro amigo está vivendo na casa de outros turcos, o lugar que ele pode pagar para viver, e ele foi obrigado a fazer o jejum do Ramadã, que é um feriado religioso daqui.
Fale um pouco de sua história: o que você estudou, a relação com seus pais e se está namorando?
Eric Fraga – Estou solteiro. Eu sou de Ilhéus e saí de casa com 17 anos para estudar Arquitetura e Urbanismo em Salvador, na Unifcas. Tudo era custeado pelo meus pais e passei a trabalhar com eventos para ajudá-los. Sempre falei inglês, então comecei a ser recepcionista em algumas festas de luxo. Fiz figurações em comerciais e dai me tornei modelo. No começo não queria seguir a carreira, mas quando vi que ser modelo dava mais dinheiro, segui a carreira. Tive várias oportunidades, fiz outros comerciais e fiz contatos na área. Depois fui para São Paulo, e fui aprovado para trabalhar em quatro agências. Vi que aquilo era algo que eu tinha potencial e comecei a acredita nisso. Depois, voltei para a Bahia e falei para meus pais que eu queria mesmo ser modelo. Eles não aceitaram no começo…
Com o auxílio luxuoso de Daniel Alosio da equipe do CORREIO