Nelson Motta já dizia que no fim de tarde do domingo, todo brasileiro é invadido por um inexplicável sentimento de melancolia. A máxima pode até ser verdadeira no restante do país, mas na Bahia a realidade é outra, e o público que lotou o pátio do Museu de Arte Moderna da Bahia, neste domingo (20), para conferir a segunda edição do projeto Acústicos no MAM, dançou, cantou e pulou ao som de Moraes Moreira e A Cor do Som, mostrando que no verão soteropolitano, não importa se é sexta ou segunda, mas com a trilha certa, todo dia é carnaval.
E o repertório veio forte, com Moraes Moreira acompanhado apenas do seu violão, colocando a multidão para sacudir ao som de clássicos dos Novos Baianos como Besta é Tu, Mistério do Planeta e Preta Pretinha. O cenário do pôr do sol na Baía de todos os santos empolgou não só a plateia como o próprio artista, que declarou. “A gente vem tocar na Bahia e de repente fica tudo lindo, nem parece que estamos passando por tanta merda no nosso país”, protestou ao som de aplausos.
Com a chegada da noite, Moraes acelerou ainda mais o ritmo e deu chance ao público de comprovar fluência em seu repertório com as tradicionais Sintonia e Pombo Correio. Na sequência a galera foi à loucura quando Armandinho
Macedo subiu ao palco com o seu bandolim dobrar com Moraes no sucesso “Eu também quero beijar”.
*Vem Turnê?*
Pouco a pouco A Cor do Som foi chegando ao palco, e os músicos se integraram às músicas que contavam a história da parceria de longa data entre o velho novo baiano e a trupe capitaneada por Armandinho. Animado Moraes propôs “Deveríamos fazer uma turnê pelo Brasil, Moraes e A Cor do Som”, Armandinho concordou sem piscar.
Dando sequência à noite, Armandinho, Mu, Dadi e companhia presentearam o público com uma enxurrada de hits conhecidos de outros carnavais, como Semente do Amor, Zanzibar, Abri a Porta e Swingue Menina. Em clima de comemoração dos 40 anos de estrada, o grupo falou sobre o disco comemorativo, lançado em 2018 com participações de Gilberto Gil, Lulu Santos, Roupa Nova, Moska e Natiruts.
No fim da noite, muita gente foi vista saindo pela Avenida Contorno com cara de “quarta-feira de cinzas”, porém a galera não escondia a felicidade das mais de quatro horas de viagem em clima de carnaval. E na ponta da língua apenas uma música podia resumir a experiência do Acústicos no MAM: Beleza Pura. (Victor Lahiri)