Um Show de Carnaval (ou como na crise as pessoas se superam e se tornam criativas) – Blog do Marrom

Um Show de Carnaval (ou como na crise as pessoas se superam e se tornam criativas)

Um Show de Carnaval (ou como na crise as pessoas se superam e se tornam criativas)

Entra ano e sai ano e sempre os profetas do “após calypso” determinam que o Carnaval de Salvador está se acabando que agora a moda é Rio de Janeiro,  São Paulo e mais recente Belo Horizonte, e tome blá blá. Na verdade muitos nem carnavalescos são, apenas tem opinião sobre tudo (é direito deles, afinal estamos numa democracia). Eu que já labuto nisso há muitos anos tenho acompanhando de perto todo esse movimento. Tem anos que o Carnaval acontece sem novidades e tem anos que é show como o de 2018.

A começar por esse incentivo da Prefeitura Municipal  e do Governo do Estado em apoiar os blocos de trio sem cordas para o folião pipoca  com grandes atrações nos dois circuitos Dodô (Barra/Ondina) e Osmar Macedo ( Campo Grande/Avenida). Mas, principalmente no circuito Osmar Macedo  que estava abandonado pelos grandes blocos. Foi lindo ver o tradicional circuito abarrotado de gente atrás de Armandinho, Dodô & Osmar, Saulo (generoso como sempre abrindo espaço para Thati e Zé Honório) o Alavontê, BaianaSystem, Psirico, Daniela Mercury, Mari Antunes (Babado Novo), Claudia Leitte, Ygor Kanário, Léo Santana, e blocos como Muquiranas (cujos foliões precisam parar de jogar agua nas pessoas (rs). Teve também a bela homenagem do Cheiro de Amor que reviveu seus antigos Carnavais com os macacões, mortalhas e abadás.

Enfim, tudo na maior alegria, sem brigas, com muita gente se beijando se amando como não fosse haver amanha. E a quinta-feira com os Blocos de Samba: lindos, arrepiantes. Sem falar na plasticidade, beleza, alegria dos Blocos Afros como Ilê Ayê Olodum, Filhos e Filhas de Gandhy,  Cortejo Afro homenageando Caetano Veloso, Muzenza, Os Negões, entre outros. (quem é que sobe a ladeira do Curuzu).

E a grande noticia; os blocos LGBT venderam TODOS os abadás. Quem me deu a noticia foi meu querido amigo André Magal, sócio de outro querido Zé Augusto no site de vendas San Folia. “os blocos que nós vendemos como Largadinho, Blow Out, Vale e Crocodilo não sobraram para ninguém”, comemorou Magal. Definitivamente a comunidade alegre elegeu Salvador como sua cidade preferida. Para desespero de alguns homofóbicos que teimam em não aceitar a diversidade.

Enfim, ficou mais uma vez comprovado que em tempos de crise e grana curta as pessoas se viram, os blocos que se adaptaram à realidade e cobraram preços justos lotaram como o Camaleão, com Bell esses incansável carnavalesco, Eva, Inter, Me Abraça, Nana, Praieiro passaram cheiros. Os camarotes, sempre criticado também atrairam seu publico. Tem que ter Camarote mesmo  para aquelas pessoas que querem conforto e podem pagar, desde que sejam privados e não envolvam dinheiro publico. Fazendo uma licença poética “A rua tem que ser do povo como o céu é do condor  (Castro Alves fala que a Praça é do povo como o céu é do condor). E que chegue logo 2019 com a volta da mamae Ivete Sangalo e a despedida das ruas do cacique Carlinhos Brown.

E para não dizer que não falei de flores: aqui e ali algumas brigas pontuais, agressões gratuitas e a morte estúpida do estudante de engenharia por um animal irracional que disse ter sido agredido num circuito e quis se vingar na primeira pessoa que encontrasse. Uma barbárie. Que Deus nos proteja forever and ever.

Foto: arquivo do CORREIO