A chamada cena axé gostem ou não, com todas as suas qualidades e defeitos merecia ser documentada e contextualizada para que as pessoas entendessem como ela se formou, o impacto que teve no show business brasileiro e de como um povo alegre e sensual conseguiu mostrar sua identidade musical e cultural. Isso foi conseguido com maestria pelo jovem Chico Kertesz no filme Axé canto do povo de um lugar. Durante duas horas ele traça um painel do que aconteceu desde o ano de 1986 quando Fricote, composição de Paulinho Camafeu e Luiz Caldas, gravada por Luiz tomou de assalto o Brasil. Chico resolveu escancarar. O Axé como ele é. Mostrando o lado positivo e digamos o lado não tão nobre assim. Por isso que é bom . Não se trata de um filme chapa branca. Pelo contrário. Mostra com respeito e dignidade uma cena que marcou seu espaço na história e deu voz às pessoas que nos bastidores foram importantes.
Para não dizer que não falei de flores,claro que faltaram algumas referencias. Nomes como Manolo Pousada (já morto) que a lado de Cristóvão Rodrigues também teve uma grande importância. Manolo frequentava os ensaios dos blocos afros com um gravador ouvindo o9 que era produzido e mostrando aos artistas e banda. Carlos Borges (hoje morando na Flórida) na Tv Aratu e depois Itapoan com os programas locais abrindo espaço para os artistas que depois se tornariam estrelas. As irmãs Celia e Celisa Felicidade (esta morreu recentemente) produzindo esses artista e ajudando a divulgá-los na TV. Daniel Rodrigues, ex-empresário de Gilberto Gil que abriu as portas dos grandes festivais internacionais para a axé como o Festival de Montreux na Suiça que chegou a ter uma Noite Baiana só com artistas dessa cena. Mas isso, de forma alguma, tira o mérito de Axé canto do povo de um lugar. Um filmaço. Parabéns a todos que estiveram envolvidos na produção.Eu sai do cinema feliz com o que vi.
Na foto: o diretor Chico Kertész e o cantor Saulo