Meu querido amigo, o jornalista baiano residente nos Estados Unidos, Carlos Borges, postou um belo artigo em sua página no Facebook falando sobre A Axé Music. Texto brilhante que faço questão de reproduzir para os leitores do Blog:
Lí esta semana, em algum lugar – hoje em dia é meio complicado lembrar exatamente onde se leu alguma coisa – que o cantor baiano Netinho considera que a Axé Music, da qual ele foi um dos grandes expoentes, teria “acabado”.
Não sei o que levou o querido Netinho à tal conclusão. Mas o fato é que essa inusitada declaração chega justamente no momento em que o Canal VIVA – que integra o sistema Globo e é um grande sucesso na tv paga no Brasil e em Portugal – produz em Salvador, em 9 dias de espetáculos gravados no Teatro castro Alves, uma série de programas celebrando justamente os 30 anos desta genial invenção de Luiz Caldas, com toda justiça nomeado “Rei do Axé”.
Entre a Axé Music criada em 1985 – e que gerou um grande número de sucessos regionais e até com algum êxito nacional, como o próprio Luiz Caldas, Sarajane, Gerônimo, Chiclete com Banana, Virgílio, Cid Guerreiro, Ricardo Chaves, Banbda Mel, Margareth Menezes, Márcia & Cheiro de Amor, etc. – e aquela que se desenvolveu a partir do estouro nacional “de fato”de Daniela Mercury, no começo dos anos 90, há grandes diferenças.
Essas diferenças, entretanto, não anulam o fato de que a raiz da multiplicidade de estilos, gêneros e desdobramentos, seja a mesma.
Pode-se discutir tudo, sempre. Mas não me parece, nem justo nem inteligente, desqualificar, em nome do que seja, a mais expressiva e bem sucedida novidade surgida na MPB depois do Tropicalismo. Menos ainda decretar a sua “morte”.
O que Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Daniela Mercury, Bel Marques e todos os grandes, médios e menores êxitos da atual música baiana seguem fazendo é, inquestionavelmente, Axé Music.
Foi e segue sendo a Axé Music a onda que quebrou a antiga e horrenda premissa de que para se fazer sucesso no Brasil você estava condenado a morar no eixo Rio-São Paulo.
Foi a partir da Axé Music que se desenvolveu a indústria da música na Bahia, que hoje emprega milhares de profissionais, entre músicos, técnicos, criadores, produtores e empresários.
Quanto a gostar ou não dos “tipos” de Axé Music que se faz agora, aí a questão passa a ser subjetiva e, honestamente, irrelevante. Certo está o Canal VIVA, dirigido pela competente Letícia Muhana, que reconhece a importância histórica e cultural, além do potencial de audiência que representa esta justíssimas celebração dos 30 anos da Axé Music. E viva Osmar “Marrom” Martins por ser o “martelo na bigorna” em defesa das expresses culturais genuínas da Bahia. O resto é choro no pé do caboclo!