Há dez anos, que serão comemorados em novembro de 2015, uma equipe de produtores veio de Santa Catarina conhecer o Carnaval de Salvador e aprender como se fazia o chamado micareta, ou Carnava lfora de época. Uma tarefa árdua,porque até hoje a chamada música baiana de Carnaval ou
axé music não conseguiu entrar com a mesma força no Sul do país, leia-se Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.Mas os catarinenses
aprenderam a lição e hoje fazem o Folianópolis, segundo eles, “a micareta mais bonita do Brasil”. Independente do rótulo, a festa é muito bem organizada,
reúne as grandes atrações, como Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Durval Lelys, Saulo, entre outros, e este ano levou o pagodão do Psirico com direito a arrastão de Márcio Victor.
Bell não pôde participar,mas promete voltar na grande festa ano que vem.Falo tudo isso porque frequento o Folianópolis há três anos e cada vez me surpreendo mais com a organização, pontualidade, segurança, educação dos foliões e índice zero de briga no circuito. E agora os catarinenses terminam o ano de 2014 como as grandes estrelas do futebol no Brasil. Um estado pequeno conseguiu emplacar quatro(isso mesmo) quatro times na primeira divisão:Avaí,Joinville,Chapecoense e Figueirense estão confirmados na elite. Se o Criciúma não desse mole elevaria para cinco. O que igualaria o pequeno mas punjante estado sulista ao mais rico e poderoso, São Paulo, que terá Palmeiras, Corinthians, Santos,São Paulo e Ponte Preta.
Resumo da ópera: Santa Catarina tem mais clubes que o Rio de Janeiro (Flamengo,Fluminense e Vasco) Minas Gerais (Cruzeiro e Atlético Mineiro),
Rio Grande doSul (Internacional e Grêmio). Do Nordeste só restou Pernambuco com o Sport. E a Bahia? Bem a Bahia, que tinha dois representantes,
ficou sem nenhum. E olhe que o Esquadrão de Aço, o Bahêa Minha Porra, como cantam os torcedores, já foi campeão brasileiro duas vezes.
Assim que acabou a última rodada, domingo passado, eu estava no Carnatal, em outro micareta muito bom. Aí me veio a pergunta: por que Santa Catarina,
um estado com uma área de 95.346 km² e população de 6,727 milhão, consegue tal façanha e a Bahia,com uma área de 567.295 km² e popula-
ção de 15,13 milhão não consegue?
Não seria a hora dos dirigentes esportivos da Bahia passarem uma temporada por lá para aprender como administrar um time? Com baixo orçamento,mas muita organização e disciplina. Nenhum demérito. Afinal, eles vieram,estudaram, aprenderam e assimilaram como realizar uma festa carnavalesca. Coisa que,diga-se de passagem, nós,baianos, sabemos fazer muito bem. Não custa nada um pouco de humildade e pé no chão. Nada de aventuras nem dirigentes aventureiros que não sabem fazer um planejamento minimo.Fica a sugestão. Porque enquanto nosso futebol afunda os catarinenses nos dão lição e ainda fazem uma festa baiana com muito mais organização e resultados positivos. Ainda bem que os manezinhos ou ilhéus,os nascidos em Floripa, e os barrigas-verdes, nascidos no estado, gostam de axé.
Osmar Marrom Martins
Foto: Davi Collaço
Artgo publicado na página 2 da edição impressa do CORREIO deste sábado 13 de dezembro