Artigo que escrevi e foi publicado na edição impressa do CORREIO de quinta-feira (19)
“Olha que isso aqui tá muito bom. Isso aqui tá bom demais”. Parafraseando o saudoso e genial Dominguinhos, em sua música Isso Aqui Tá Bom demais, digo, sem medo de errar, que a Copa do Mundo em Salvador não tem pra ninguém. A começar pela Arena Fonte Nova, eleita atráves dos leitores do portal Uol como a melhor do Brasil. E com razão. Além de bonita está funcionando (apesar das filas para se comprar bebida nos bares). Mas os banheiros estão limpos, o acesso está tranquilo e por incrível que pareça, a internet está funcionando.
Eu mesmo, nas duas vezes em que fui para ver Holanda x Espanha e Alemanha x Portugal, usei bastante as redes sociais com sucesso. Claro que com isso não quero dizer que tudo na capital baiana anda a mil maravilhas. Longe disso. Ninguém é menino. A gente sabe das carências da cidade, da falta de educação de algumas pessoas que insistem em jogar lixo no chão, não respeitar as filas, ultrapassar o sinal vermelho e continuar fazendo xixi nas ruas. Mas dessa vez, estou falando especificamente da Copa do Mundo.
Antes da competição se iniciar, houve toda aquela celeuma, toda reclamação e com razão, quando sabemos dos desmandos cometidos na construção de alguns estádios com recursos públicos superfaturados.
Mas isso aí a gente pode mostrar nosso protesto nas eleições. Agora é hora de celebração. E ainda contamos com uma pequena ajuda dos orixás que conspiraram a nosso favor fazendo com que fôssemos palco dos dois melhores jogos do certame até então. Como esquecer os 5×1 da Laranja Mecânica nos espanhóis e os 4×0 dos alemães nos portugueses.
Foi bonito de se ver a invasão holandesa na cidade. Do Pelourinho ao Porto da Barra, a cor laranja brilhando. Aliás era tanta gente que se colocassem uma corda e um trio elétrico poderia virar um bloco de Carnaval. Sem falar na esperteza dos germânicos em ouvir os conselhos do baiano Dante e vestir a camisa e cantar o hino do Esporte Clube Bahia. Além é claro de se hospedar em em Santo André, no município de Santa Cruz Cabrália.
Os suíços, também espertos, foram parar em Porto Seguro, onde o Brasil foi descoberto, e os croatas em Praia do Forte. Aliás, alguns jogadores da seleção da Croácia protagonizaram o momento Caras da Copa quando foram flagrados pelados pelados nas piscina do hotel. E teve muitas mulheres que postaram nas redes sociais dizendo que tinham piscina em casa. E, que eles seriam muito bem-vindos.
Mas, claro, tem também um lado condenável. Uma baiana vendeu um acarajé por R$ 40 a um holandês. Ao saber disso, a associação das baianas a repreendeu. Houve, também, a descoberta dos gringos do nosso camarão seco que é servido com acarajé ou abará. Segundo o colega de redação Jorge Gauthier, teve dia que faltou o crustáceo no tabuleiro da baiana.
Alguns batedores de carteira andaram atuando. Normal. Eles atuam com Copa ou sem. Mas o importante é que mesmo que o Brasil não seja campeão (espero que ele ganhe, sim, o hexa), nós baianos já ganhamos a Copa.
Que está ótima e animada na velha São Salvador. Antes que eu me esqueça: o metrô está funcionando, mesmo que a gente tenha que se cadastrar com o ingresso, e pegar uma pulseira para poder utilizá-lo. Eu fiz tudo isso e fui e voltei da Arena numa boa. (Osmar Marrom Martins)