Quem me conhece sabe que tenho verdadeira paixão por duas frutas: cajá e umbu. Duas frutas típicas do Nordeste, baianíssimas, principalmente o umbu, que, se não me engano, só é encontrado no sertão da Bahia. Inclusive, na cidade de Uauá, existe uma festa dedicada ao saboroso fruto do umbuzeiro. Falo tudo isso porque na quarta-feira, ao visitar minha irmã, que também mora no Cabula, recebi um presentão. Um dos porteiros do condomínio onde ela reside, sabendo de minha paixão por essa duas frutas, resolveu catar os cajás que estão caindo nessa época do ano. Dentro do condomínio há uma cajazeira sempre generosa.
Como uma criança, saí feliz com meus cajás dentro de um saco plástico. Azedinhos e deliciosos para fazer suco, sorvete, picolé ou musse… Mas, eu não pensei duas vezes: ao chegar à redação do CORREIO lavei os frutos e comecei a saborear in natura. Um sucesso. Minha colega de redação e editora adjunta deste Guia, Doris Miranda, outra fã assumida do pequeno fruto de cor alaranjada, também caiu na farra comigo. Uma delícia. A gente se lambuzando e lembrando das festas de Largo em Salvador. Antigamente era comum, nas festas da Ribeira, Bonfim, Boa Viagem, Conceição, entre outras, encontrar barracas com as frutas exibidas nos tabuleiros.
Uma bela mistura. Todas convivendo harmonicamente: o cajá, o umbu, o cajá-umbu, a cajarana, a melancia, a manga… Enfim, uma infinidade de frutas exóticas para quem não é nordestino, mas um verdadeiro néctar dos deuses para os nativos dessa bela região do Brasil. “Com safra que vai de meados de março até junho, a cajazeira necessita de irrigações e podas de condução, para manter seu porte mais baixo. O desenvolvimento da árvore, no entanto, é lento e pode levar até oito anos para gerar carga suficiente para uma produção de cerca de 50 frutas por planta. Mas, com o aprimoramento de técnicas de enxerto, é possível que a cajazeira inicie a produção aos dois anos de idade”. As informações são da revista Globo Rural. Consumidas todas as unidadas do fruto estávamos felizes. E eu fiquei mais feliz ao saber que o cajá era uma das frutas preferidas do grande escritor Jorge Amado. O cajá é mesmo um luxo. E se você nunca experimentou deve fazer logo.
Osmar Marrom Martins
Repórter e colunista do CORREIO
* Artigo publicado no Guia que está encartado na edição desta sexta-feira (25) do CORREIO