Antes de viajar para Florianópolis, onde fui cobrir o Carnaval fora de época da capital catarinense, chamado de Folianópolis, li, como todos viram, a matéria do influente jornal The New York Times falando que Salvador era “a capital brasileira do homicídio”. Um choque para todos brasileiros. Principalmente nós, baianos, que sempre nos orgulhamos de ser um povo alegre, hospitaleiro, ordeiro e de viver num lugar considerado ‘ímpar’ no Brasil. Por sua cultura, tradição, miscigenação entre tantas coisas boas. Feito o adendo, chego aonde quero. Viajei preparado para ser abordado pelos catarinenses a respeito do que tinha acontecido com a terra da felicidade.
Mas, ao chegar na bela Floripa, uma das três capitais que ficam numa ilha (as outras são Vitória/ES e São Luis/MA), para meu espanto, constatei que a Bahia continua com a mesma magia e encanto junto aos brasileiros dos diversos estados da Federação. Continua exercendo o mesmo fascínio. Ao chegar no hotel e ser identificado como baiano eram claras a curiosidade, o sorriso estampado e a inevitável pergunta: como está aquela terra linda? O que vem a se constatar, mais uma vez, que, apesar de todos os desmandos e desmazelos que fizeram com a nossa terra, em especial à velha São Salvador, ainda somos amados e queridos.
E envoltos em muitos mistérios. Depois de uma volta pela cidade, ao retornar ao hotel, o recepcionista cheio de curiosidade e espanto veio me perguntar: “ô baiano tem três loiras que chegaram aqui e se dizem baianas. É verdade? Elas são mesmo?” Eu esperei as meninas aparecerem. Todas como dizem aqui “lindas e loiras”. Naturais. Sem pintura no cabelo. Falaram comigo com aquele sotaque inconfundível. De pronto eu respondi: “São baianas, sim”. Aí, em tom de brincadeira,completei: “Em Floripa pode não ter negros, mestiços ou mulatos (que me perdoe Wanda Chase) mas em Salvador também tem loiras e loiros”. Ele deu risada e completou: “a Bahia é mesmo diferente”. No mais, nossos artistas, mais uma vez, fizeram a festa. E colocaram o pacato “barriga verde ou manezinho” para tirar o pé do chão. Durante os três dias de festa, uma parte de Floripa pertenceu a Bell Marques, Claudia Leitte, Saulo, Durval Lelys, Ivete Sangalo e Tomate. E eles botaram pra ferver. (Osmar Marrom Martins)
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