Para quem não leu o artigo que escrevi, na pagina 2, do CORREIO, edição de sábado (13).
13.10.2012 | Atualizado em 13.10.2012 – 08:21
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Osmar Marrom Martins*
Nas minhas andanças mundo afora, encontro sempre algum baiano em meu caminho. Tem sido assim nos últimos anos, principalmente em cidades como Roma, Londres, Amsterdã, Lisboa, Nova York e Paris. As duas últimas parecem ser as preferidas e, pelo que sinto, as que mais eles se identificam. E costumam comentar as semelhanças com a primeira capital do Brasil. O trânsito caótico, a sujeira (em menos escala, é óbvio, porque não dá para se comparar com o que está acontecendo na velha São Salvador), entre outras mazelas.
No entanto, esses viajantes sabem com muita clareza o que difere na nossa bela e maltratada capital dessas também belas cidades na Europa e Estados Unidos. Não existe essa coisa de jeitinho, de tolerância. A metrópole pode ser suja, mas quem tem coragem de jogar copo, garrafa ou papel na rua? e mijar em praça pública? Fumar em local não permitido? Ou subir a escada rolante do shopping abraçado com a namorada ou namorado ocupando o lado esquerdo e impedindo quem queira ultrapassar?
Falo tudo isso porque me impressiona como algumas pessoas se comportam aqui e lá fora. Sabendo que a lei nesses lugares é dura e para todos, ninguém ousa transgredir. Aqui, outro dia, um motorista com seu potente carrão, e o passaporte bastante carimbado, jogou uma garrafa de água mineral pela janela. Eu vinha passando com meu carrinho e recebi, como se diz ‘a galinha pulando’. Quase causei um acidente.
Para explicitar melhor, vou dar mais dois exemplos. Uma amiga em sua primeira viagem americana, mesmo sabendo que é proibido fumar até mesmo no quarto de hotel, tentou burlar a lei. Foi pega em flagrante, pois um dispositivo disparou e a entregou. Imaginem a confusão.
Tive que apelar para meu parco inglês e explicar ao histérico gerente que ela não tinha noção dos rigores da lei americana.
Mas o que me mais impressionou foi quando estava estudando em Londres. Morava num apartamento, em Wimblendon, com mais quatro pessoas. Estava sozinho, quando, de repente, a campainha tocou. Para minha surpresa, eram dois policiais. Um homem e uma mulher. Sem arma, claro. Mas com duas algemas bem vistosas.
Respirei fundo e procurei saber do que se tratava. Pediram meu passaporte e queriam saber o que estava fazendo em Londres. Respondi que tinha ido estudar. Ambiente relaxado, eles me falaram que estavam procurando por um rapaz. Atordoado, quis saber o motivo do suposto crime.
Para minha surpresa, o ‘fugitivo’, que já tinha morado no mesmo apartamento, tinha alugado um carro para ir até Amsterdã e, na volta, ultrapassou o sinal vermelho. Aparentemente, para nós, uma infração simples. Foi multado e convidado a comparecer à corte. Desdenhou. Não compareceu. Até que, localizado, foi obrigado a se justificar. Caso contrário, seria deportado. Teve que ir. Pagou a multa e aprendeu: assim como a fé, nesses locais, a lei não costuma falhar.
* Osmar Marrom Martins é reporter especial e colunista do CORREIO