Músico, produtor, radialista, escritor e também advogado, Jonga Cunha assumiu, há menos de um mês, a presidêencia da Saltur, órgão de turimo da Prefeitura Municipal de Salvador. Aos 51 anos, e com uma gestão curta – ele permanece no cargo até a posse do novo prefeito, em janeiro de 2013 -, esse soteropolitano não perdeu tempo. Reuniu seu staff e começou a planejar o próximo Carnaval, cujo tema será a guitarra baiana. Como novidade, está lançando o São João de Salvador e já fechou a programação do Reveillon. Jonga também abraçou a Lavagem de Nova York, com o objetivo de resgatar a imagem da capital baiana, arranhada com a greve da Polícia Militar, quando o consulado americano recomendou que seus cidadãos evitassem a velha São Salvador. Em entrevista exclusiva ao CORREIO, Jonga abriu o jogo. Confira.
Como é para um músico e produtor atuante assumir um cargo burocrático como a presidência do órgão municipal responsável pelo turismo em Salvador, a Saltur?
Tenho consciência que minha gestão será curta, que não vou resolver todos os problemas de Salvador. Mas já estou trabalhando bastante para fazer o melhor. Quero colocar em discussão o novo modelo para o Carnaval. Mas isso não se faz de uma hora para outra.
Tenho consciência que minha gestão será curta, que não vou resolver todos os problemas de Salvador. Mas já estou trabalhando bastante para fazer o melhor. Quero colocar em discussão o novo modelo para o Carnaval. Mas isso não se faz de uma hora para outra.
O que você pode adiantar sobre o Carnaval 2013?
Na próxima terça-feira vai acontecer a eleição do novo Conselho do Carnaval. Vai ser escolhido o substituto de Fernando Boulhosa, morto semana passada, que significou uma grande perda. Vou oficializar o tema, que é a Guitarra Baiana. A ideia foi aprovada por todo o trade. O que posso adiantar é que vou manter o que deu certo este ano, como o palco na Praça Castro Alves. Também o incentivo aos projetos especiais dos grandes artistas para desfilar sem cordas e a otimização dos circuitos já existentes.
Antes da entrevista, você esteve reunido com o publicitário Duda Mendonça. O que vocês conversaram e quais os projetos que estão preparando?
Fechei com Duda Mendonça, que não vai cobrar cachê, a produção de dois filmes com 1 e 3 minutos cada, sobre Salvador. Vai ser um filme bem feito, produzido por ele e por Robério Braga, da Maria, produtora de vídeo de São Paulo. Será um filme lindo, mostrando as nossas belezas e que será utilizado pelos nossos artistas em seus shows não só no Brasil como no exterior. Os artistas sempre cobravam isso. E agora eles terão. Falei para Ivete Sangalo e Durval Lelys e eles aceitaram na hora.
Você sempre defendeu a realização de uma festa de São João em Salvador para a população. Teremos essa festa?
Com certeza. Salvador cresceu, e muita gente não pode viajar para o interior. Mas gosta de São João. Nós vamos fazer essa festa. Agora, não me cobre apenas arrasta-pé. Salvador é uma cidade da mistura e eu vou misturar tudo. Todos os ritmos.
Você já tem a programação e os locais onde a festa acontecerá?
Teremos um São João no Jardim de Alah e outro em Cajazeiras. Na sexta, dia 22 de junho, no Jardim de Alah, as atrações são: Sambone (do maestro Hugo do Trombone); Ninha e Samba de São João e Moraes Moreira. No sábado, 23, será a vez do Forró Massapê, Peu Meu Ray com a Pneu Zabumba; Márcia Short cantando forró e Luiz Caldas cantando Luiz Gonzaga. Em Cajazeiras, na sexta, teremos a Noite do Samba Junino, e sábado, a Noite do Forró. Nos dois locais haverá coretos, comidas e bebidas típicas, decoração com tema junino, enfim, será uma cidade do interior.
Se o São João é novidade, o Reveillon já entrou no calendário. Como vai ser a festa da virada este ano?
Vamos, de novo, valorizar os 75 km de praia na orla com fogos de artifício em toda extensão e barracas licenciadas. Vamos nos concentrar em três grandes shows. A começar pelo Farol da Barra. Lá, teremos a Orquestra Neojibá, abrindo a programação. Depois entra o Ilê Aiyê. Aí os dois se encontram. Na sequência, o Ilê faz uma apresentação especial. E, para encerrar a noite, o show Fêmeas, reunindo Gilmelândia, Márcia Short, Vania Abreu e Carla Visi. Inclusive eu vou fazer a direção musical. No Jardim de Alah já está certo a banda Armandinho, Dodô & Osmar.
Bateu a saudade do Jonga produtor e músico?
O show no Farol, que atrai muita gente, tem que ter um ponto certo. Não pode ser histérico nem deprimido. Por isso que, em vez de apenas contratar, vou usar minha experiência para produzir o espetáculo, com toda harmonia.
Outro evento que a Prefeitura vai apoiar, pela primeira vez, é a Lavagem de Nova York, que comemora 5 anos. Como será esse apoio?
Além de ser um evento muito bonito, assim como a Lavagem de La Madeleine, em
Paris, a de Nova York ganhou uma dimensão justamente porque ficamos com a imagem arranhada junto aos americanos, durante a greve da Polícia Militar, antes do Carnaval deste ano. O consulado pediu aos cidadãos que evitassem Salvador. Isso foi horrível.
E os americanos curtem a Lavagem, adoram a festa que a baiana Silvana Magda e Edilberto Mendes realizam. Então é a oportunidade de a gente reforçar a imagem de que sabemos receber bem o turista e temos uma cultura fantástica.
O que você já tem programado para Nova York?
Este ano, a Lavagem, que acontece sábado, 1º de setembro, vai sair da Times Square. O percurso será bem maior. E vamos levar Armandinho com sua guitarra baiana; o Ilê Aiyê e vamos convidar Magary Lord. Já pensou esse time, junto com o cortejo das baianas, desfilando pelas ruas de Nova York? A ideia também é fazer com que Armandinho toque o Hino Nacional no Brazilian Day, dia 2 de setembro. Sei também que está sendo organizado, por Del Feliz, um grande evento de forró, junto com a lavagem.
Além das festas e dos eventos, o que você planeja para o turismo em Salvador?
A princípio, a pedido do prefeito João Henrique, vou dar um choque de ordem no Porto da Barra. Do jeito que está não pode continuar. Um lugar tão lindo e tão degradado. Afinal, ali está a terceira melhor praia do mundo. Para mim é a melhor. Mas a ideia geral é a gente fazer a manutenção e recuperação dos sete pontos mágicos de Salvador: Centro Histórico, Península de Itapagipe (Bonfim-Ribeira), Contorno-Comércio, Barra, Itapuã, Dique do Tororó e Baía de Todos os Santos.
Entrevista feita por Osmar Marrom Martins e publicada na edição impressa do CORREIO desta sexta-feira (11)
Foto de Lorena Vinturini