Dos trios elétricos à Torre Eiffel – Blog do Marrom

Dos trios elétricos à Torre Eiffel

Dos trios elétricos à Torre Eiffel

Depois de perder o emprego, Leví Pereira, 55 anos, se sentiu rejeitado pelo país que tanto amava. “Enquanto para uns eu estava velho, para os europeus eu sou detentor de um conhecimento”, explica o músico baiano sobre o que o motivou a trocar Salvador por Paris. No começo deste ano, o baixista e cofundador da banda Asa de Águia recebeu um visto-convite para divulgar a música baiana no velho continente. A violência, insegurança, problemas no ensino e na saúde se somaram ao desejo de viver essa experiência e então Leví não titubeou em aceitar a proposta. Em abril, partiu com a esposa e os quatro filhos para a Cidade Luz.

VISITA A compreensão da família sobre a oportunidade que estava sendo dada a Leví fez com que a adaptação fosse menos traumática. As crianças e os adolescentes já estudam e apresentam certa habilidade com a língua francesa. Sobre as diferenças de costumes e cultura, o pai tem uma grande lição a dar: “Quando você vai à casa de alguém, a educação manda que a visita deve se comportar de forma a acatar as normas da casa. Se tentarmos impor nossos costumes haverá um choque cultural inevitável, então a receita é entrar na dança o mais rápido possível. Aqui existem padrões sociais rígidos que são obedecidos por todos. Tomar conhecimento deles é fundamental para uma boa convivência”. Artista que é, Leví precisa de tempo para construir um trabalho mais concreto. Por enquanto, ele faz gravações em um estúdio próprio e estabelece contato com músicos locais. “Ainda não me decidi o que fazer além disso, mas minha esposa montou uma empresa e já leva uma vida normal”, pontua, sobre um serviço de receptivo turístico oferecido para visitantes brasileiros.

Apesar da saudade das praias de Vilas do Atlântico, do pôr do sol no Farol e até do Carnaval – mesmo com toda a trabalheira que tinha -, Leví está muito feliz em poder proporcionar uma vida mais segura e tranquila para a família fora do Brasil. “Meus filhos podem andar a qualquer hora sem perigo de bala perdida, estudam nas melhores escolas do mundo, usam todos os meios de transporte… Quando estamos fora o Brasil, dói na alma e, quando estamos dentro, dói na pele”, conclui.

Obs: matéria publicada no Caderno Bazar edição de domingo 16/10/2011