‘Adoro fazer o que ainda não fiz’, diz Washington Olivetto  – Blog do Marrom

‘Adoro fazer o que ainda não fiz’, diz Washington Olivetto 

‘Adoro fazer o que ainda não fiz’, diz Washington Olivetto 

Entrevista exclusiva que fiz em 2022 com o maior publicitário do Brasil, Washington Olivetto que, infelizmente nos deixou hoje, aos 73 anos.

 

Publicitário faz sucesso com o podcast W/Cast, no qual conversa de forma descontraída com amigos  famosos

Osmar Marrom Martins

 

. Crédito: Miro/Divulgação

 

Considerado o maior publicitário brasileiro, com uma reconhecida e premiada carreira internacional,  o paulista Washington Olivetto, que atualmente mora em Londres, vem se destacando no YouTube com o podcast W/Cast – que  está na segunda temporada e tem episódios novos  às quartas-feiras. Em sua casa, no Rio de Janeiro, ele recebe amigos, em sua maioria personalidades do mundo cultural, jornalístico e empresarial, para uma conversa bem à vontade, revelando histórias saborosas que  viveu com os entrevistados. Tudo de forma simples, como se estivessem tomando um bom vinho.

O que levou a fazer o W/Cast, no qual atua como uma espécie de apresentador, mas deixando muito à vontade seus convidados?

Sou um ‘novidadeiro’. Adoro fazer o que ainda não fiz. Fazer o novo de novo. Isso me motivou a fazer o W/Cast, que começou com uma primeira série onde eu sozinho contava coisas da minha vida. Os bons resultados dessa primeira temporada (ficou entre os 20 podcasts mais ouvidos, entre mais de um milhão) me motivaram a fazer essa segunda que não são entrevistas; são bate-papos com amigos. Sem regras, onde eu conto histórias minhas e eles contam histórias deles que vão se juntando, criando uma história só para os ouvintes. Sem dúvida, esse formato de bate-papo e a integração com os convidados foi o que gerou o sucesso absoluto dos episódios.

 Durante essas duas primeiras temporadas você conversou com personalidades de segmentos como música, teatro, TV, esporte, medicina e gastronomia a exemplo de Nelson Motta, Paulo Muller, Pedro Bial, Lulu Santos, Edson Celulari, Raí, Roberta Sudbrack, João Carlos Martins. Como você escolhe seus convidados? 

O critério de escolha é simples. Escolho amigos que sejam brilhantes e tenham boas histórias de vida – pessoais, profissionais e interligadas com as histórias da minha vida. Isso que dá a boa liga de cada episódio.

 Pra mim é mais fácil ser publicitário, do que qualquer outra coisa.

 Na maioria dos podcast, percebi como você admira comer bem, seja em restaurantes chiques ou em lugares simples. Você se acha um bom gourmet? 

Não sou um gourmet. Sou um ‘gurioso’. Mistura de guloso com curioso. Gosto de conhecer e saborear todos os tipos de comida e bebida, independente dos seus status sociais.

Também chama atenção a presença de muita gente ligada à música na lista de convidados. Você nutre uma paixão secreta pela música?

A música popular sempre foi o meu radar social; minha maneira de entender a vida. Tenho inúmeros amigos na música popular, de todos os estilos e tendências. Mais do que normal que alguns deles estivessem presentes no W/Cast.

Aquela série de comerciais da Rider em que artistas gravavam músicas que não faziam parte do repertorio fez muito sucesso. Teve Tim Maia, Lulu Santos, Paralamas entre outros. Tim Maia era conhecido pelos aprontes que costumava fazer. Como foi gravar com ele? 

Foram muitas as releituras de canções consagradas que foram feitas para a campanha de Rider. Tanto que só de discos de ouro (prêmios ofertados pelas gravadoras) foram conquistados 18. No trabalho com Tim Maia a grande surpresa foi o fato dele ter entregado a gravação antes do prazo combinado, tanto na versão integral, quanto com os cortes necessários para comerciais de 60”e 30”. Ou seja: a grande surpresa foi a maneira absolutamente profissional com que ele encarou esse trabalho. Obviamente, durante o processo, Tim manifestou algumas das suas idiossincrasias e teve momentos de esplêndido mau humor e bom humor. Tudo dentro do imaginado.

Além da publicidade e do podcast, outra faceta sua é a de escritor, incluindo a a coluna que assina quinzenalmente no Jornal O Globo. Quantos livros você já lançou e o que está preparando? Eu li e gostei muito do Direto de Washington. 

Já lancei 9 livros e estou escrevendo a cada 15 dias no O Globo, o que me dá um enorme prazer. Pretendo, em breve, lançar um livro com uma coletânea desses artigos, cada um deles com uma ilustração especialmente criada para o tema. E um outro, com os bastidores dos bate-papos do W/Cast.

Depois de viver entre São Paulo, Rio de Janeiro e New York, você atualmente mora em Londres e ao que parece, bem adaptado, O que o levou a optar pela capital inglesa? 

Considero Londres a melhor Nova York do mundo – e olha que eu gosto de Nova York. Em Londres tudo acontece antes. Escolhi Londres, principalmente, porque queria que meus filhos gêmeos, Antônia e Theo, tivessem a oportunidade de viver suas adolescências nessa cidade. Viver em Londres tem sido muito gratificante pra mim, pra Patrícia, minha mulher, e para os dois filhos que aos 17 anos de idade já foram aceitos nas universidades que pretendem fazer.

No podcast com Nelson Motta ele falou de como a Bahia o inspira e disse que sempre vem fazer uma espécie de reenergização na chamada Boa Terra. Sua ex-mulher, Luiza, mora em Salvador e seu filho Homero também morou aqui. E você tem muitos amigos, como a querida promoter Licia Fabio. Qual sua relação afetiva com a Bahia e os baianos? 

Minha relação com a Bahia sempre existiu, sempre tive muitos amigos baianos e essa relação se acentuou quando me casei com Luiza. Foi através dela que conheci minha querida Licia Fabio. Essa relação com a Bahia, mesmo depois de minha separação de Luiza, só se acentuou. Vou a Bahia com enorme prazer sempre que posso. E até quando não posso, arranjo um jeito de ir.

Você ganhou mais de cinquenta Leões no Festival de Publicidade de Cannes e foi o único latino-americano a ganhar o prêmio Clio Awards em 2001. O que significam essas conquistas para você? 

Sim. Ganhei mais de 50 Leões do Festival de Cannes só com filmes e sou o único ibero-americano que conquistou o Grand Prix do Clio. Mas isso são apenas alguns dos muitos prêmios que tive a oportunidade de ganhar numa atividade que é repleta de prêmios: a publicidade. De todo jeito o importante é saber e lembrar que todos esses prêmios já aconteceram e fazem parte do meu passado. Importante mesmo é o que estou fazendo hoje e o que vou fazer amanhã.