Meu querido amigo e colega de Rede Bahia, Ricardo Ishmael Está há uma semana no Marrocos acompanhando o início da turnê internacional que celebra os 50 anos do Ilê Aiyê. Ele fez um relato para o Blog do Marrom:
“Saímos de Salvador com destino a Lisboa; de lá pegamos outro voo para Marrakech, no Marrocos, e de lá uma van até Essaouira, uma linda cidade da costa sudoeste do Marrocos, banhada pelo oceano Atlântico e pelo Mar Mediterrâneo. Essaouira é a primeira das 12 cidades no mundo por onde o Mais Belo dos Belos vai passar nos próximos 40 dias. Foi escolhida para dar a largada na turnê por causa de um festival tradicional que acontece aqui há exatamente 25 anos, o Essaouira Gnaoua & World Music Festival, considerado o maior festival de música africana e diaspórica do planeta. Durante 3 dias, Essaouira recebe artistas e grupos musicais de várias partes do planeta para celebrar a cultura Gnaoua. Gnaoua (lê-se Guinuá) é o nome para vários grupos tradicionais do Marrocos, normalmente formado por homens muçulmanos, que cantam e dançam ao mesmo tempo usando instrumentos feitos especialmente para esse fim.
O Ilê é o único representante do Brasil nesta edição de 25 anos do festival, que já recebeu Carlinhos Brown em 2015. Os 12 músicos e dançarinas do bloco afro mais antigo do Brasil fizeram a abertura oficial do festival no palco do Moulay Hassan Stage, o principal local de apresentações. Dividiu o palco com os Mestres Gnaoua Hassan Boussou e Moulay El Tayeb Dehbi, que são os “lideres” de grupos gnaoua, e também com o grupo de dançarinos Compagnie Dunmalé, da Costa do Marfim, e com Nino de Los Reys (dança flamenca). Na próxima semana o Ilê segue em sua turnê, agora na Europa. Se apresentará em Faro, Portugal, e na sequência irá a outros 10 países.
Essa turnê está sendo registrada pelos enviados especiais da Rede Bahia, a única equipe de TV do Brasil a documentar a turnê, Ricardo Ishmael e o cinegrafista Márcio Rosário. Eles vão produzir um documentário em homenagem aos 50 anos do ilê, e que irá ao ar em novembro, mês da Consciência Negra.
Ricardo Ishmael foi escolhido para encabeçar o projeto porque conhece profundamente a trajetória do ilê, e por já ter feito outra importante cobertura internacional, em 2019, quando o Vaticano canonizou a Santa Dulce dos Pobres. Naquela ocasião ele visitou 6 cidades em 3 países: Lisboa, Porto, Madrid, Barcelona, Roma e Cidade do Vaticano, fazendo reportagens gravadas e entradas ao vivo para a TV Bahia e a TV Globo.
“Comecei a estudar o Marrocos desde que fui comunicado pela diretora de Jornalismo da Rede Bahia que iria acompanhar a turnê internacional do Ilê Aiyê. Aprendi algumas frases e expressões em árabe, aprimorei o francês e, mais importante que isso, mergulhei de cabeça na cultura Gnaoua. Não vejo essa missão com um desafio, mas como uma oportunidade de aprender mais sobre os muçulmanos, sobre o Norte da África e sobre o Ilê Aiyê, esse movimento de luta, resistência e empoderamento que há 5 décadas salvas vidas.”