A pesquisadora carioca Taissa Maia celebra a memória e o legado de Gal Costa em seu primeiro livro, “A todo vapor – O tropicalismo segundo Gal Costa” (Garota FM Books), no mês em que se completa um ano da cantora baiana. Em direção oposta à do trabalho acadêmico, que debate a atuação de diferentes vozes femininas na construção do movimento tropicalista, “A todo vapor – O tropicalismo segundo Gal Costa” analisa exclusivamente a trajetória da intérprete e a reposiciona como uma expoente da Tropicália, como aquela que deu continuidade ao movimento quando Caetano Veloso e Gilberto Gil se exilaram, em 1969.
“Para investigarmos Gal Costa, precisamos lançar mão de uma nova sensibilidade. Defendo a inteligência do corpo de Gal Costa em cena. Defendo também que a interpretação que ela faz do tropicalismo, o tropicalismo segundo Gal Costa, pode ser observado utilizando imagens e sons. No caso dela, são esses os índices de análise, não manifestos, que seguem determinada forma de discurso crítico, usualmente falado ou textual”, diz Taissa.
Em 128 páginas, o livro percorre a vida e carreira de Gal Costa a partir de uma reconstrução de discursos sobre a atuação dela no tropicalismo e uma revisão da importância da artista baiana, seja no contexto desse movimento como na história da música popular brasileira. O ensaio é um dos desdobramentos da dissertação de mestrado “Linda, feia e (des)aparecida: A mulher e os discursos sobre o tropicalismo musical”, defendida por Taissa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 2021.
“A obra de Gal é uma das mais potentes já produzidas no Brasil. A ideia de que teve sempre alguém por trás dela não me convence. Então, assumi a missão de dar protagonismo à sua voz e vejo que não estou sozinha. Desde então, surgiram outras pesquisas sobre Gal, o filme e uma futura biografia (finalmente!). Quero ajudar a colocá-la no lugar ao qual ela pertence”, defende a autora.