Para um intercâmbio cultural de 27 dias, no quadro do reforço dos laços de irmandade e tradicionais entre os dois povos, O rei do Bailundo, Tchongolola Tchongonga, chegou ao Brasil nesta quinta-feira (19).Durante a visita, a convite do Centro Cultural Casa de Angola em São Paulo, o Soberano do Bailundo vai reencontrar-se com os “irmãos por direitos ancestrais angolanos e do continente africano”, assim como contribuir nos estudos da cultura africana, a partir dos ritos e ritmos enraizados na sociedade angolana, que de alguma forma está presente na sociedade brasileira. O convite foi feito por Isidro Serene da Casa de Angola em São Paulo.
Segundo um comunicado de imprensa enviado, esta segunda-feira, à ANGOP, pela Corte do Bailundo, a deslocação ao Brasil enquadra-se no fortalecimento das relações culturais e tradicionais, através da cultura africana presente naquele país.
O documento refere que o rei do Bailundo, Tchongolola Tchongonga, aceitou o convite pelo fato de 60 por cento dos escravos que foram à força no Brasil saírem de Angola, especialmente de Moçâmedes (Namibe), Benguela e Luanda.
Adianta que a mais alta autoridade tradipcional do Bailundo será recebida0, na cidade de São Paulo, pela comunidade angolana, entre outros.
A agenda reserva uma reunião com líderes da comunidade negra, indígenas, artistas e das religiões de matriz africana, bem como encontro com a secretária da Cultura da cidade de São Paulo e empresários do turismo tradicional, no quadro da captação de recursos, cooperação e intercâmbio necessário.
O rei do Bailundo vai, também, falar com os primeiros refugiados angolanos naturais das províncias do Huambo e de Benguela, que chegaram no Brasil em 1975, para além de ser recebido na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e ser homenageado no espaço Casa da Memória.
Durante a sua estada na República Federativa do Brasil, cujo regresso está previsto para 15 de Novembro próximo, o rei do Bailundo vai lançar a sua primeira obra bibliográfica intitulada “A hegemonia dos Ovimbundu no reino do Mbalundu”, que retrata a etnia linguística do reino em Angola.
Ciceroneado por Micaela Estanislau (produtora cultural e Relações Exteriores do Rei no Brasil) o soberano chega á capital baiana dia 02 Novembro onde ficará até o dia 5 quando participará das comemorações do mês de consciência Negra. Aqui cumprirá extensa agenda com autoridades locais incluindo o Prefeito Bruno Reis e encontros com representantes de blocos e entidades afro.
Historial do Reino do Bailundo
Com uma corte constituída por de 37 membros, o Reino do Bailundo surgiu durante o reinado de Ekuikui II, de 1876 a 1890. Mas, foi o Rei Katyavala I que fundou o mesmo, vindo das terras do Cuanza Sul com a sua família, quando habitou nas cercanias das montanhas de Halavala.
Antes do Século XVII, o reinado manteve-se à margem do domínio colonial. Só por volta de 1770/71 é que Portugal se instalou no Reino do Bailundo com a presença de um juiz. Em (1885) a colónia portuguesa já estava representada no reino com um capitão-mor.
O rei Ekuikui II teve o cariz de diplomata exímia. Ousou evitar a guerra e incentivou a prática da agricultura na população, e, durante o seu reinado, o Bailundo não enfrentou grandes guerras. Depois da sua morte, surgiram as grandes guerras que culminaram com a subjugação da localidade e de toda a região do Planalto Central, isso em 1902.
Foto 1 – Rei do Bailundo
Foto 2 – Micaela Estanislau e Isidro Senene