Lavage de La Madeleine: quando Paris é mais baiana – Blog do Marrom

Lavage de La Madeleine: quando Paris é mais baiana

Lavage de La Madeleine: quando Paris é mais baiana

Sob o sol escaldante de um final de verão parisiense, uma multidão tomou conta das ruas da capital francesa saindo da Place de La Republic até Madeleine para e edição comemorativa dos 21 anos da Lavage de La Madeleine. Festa que foi incorporada aos festejos da cidade luz que fica totalmente baiana como se estivéssemos em pleno Carnaval em Salvador. E o ano de 2023 marca uma virada no evento que tem agora como parceiros Carlinhos Brown e seu empresário Fábio Almeida e a produção de Irá Carvalho Selma Calabrich e Mariana Carvalho.

A movimentação para a festa começou no sábado na casa de Robertinho e no apartamento que Irá Carvalho alugou para concentrar toda a produção. Era um entra e sai danado e todos preocupados com o calor sufocante que está fazendo em toda Europa em especial na França. A produção estava encontrando dificuldades em comprar bastante água para ser servida durante o cortejo pra quem ninguém pudesse passar mais. Resolvido esse problema agora era esperar o domingo.

E tudo aconteceu conforme o figurino. O grupo percussivo Batalá do baiano Giba Gonçalves e o Batuc’ados puxaram o cortejo depois que o Babalorixá Pai Pote, irmão de Robetinho fez o chamado despacho para Exu abrir o caminho da festa. Também nascido em Santo Amaro, como seu irmão, Pai Pote é uma espécie de pai espiritual da Lavage de La Madeleine.

Trabalho feito, as alas percussivas iniciaram o desfile cada uma mostrando sua criatividade até que o trio elétrico que Carlinhos Brown levou de Salvador para Londres e depois Paris iniciou o desfile. E coube ao anfitrião Robertinho Chaves cantar várias músicas no clima do carnaval baiano começando com o hit gravado por Michel Teló “Assim você me mata”, além de incluir a clássica canção ‘Non Je Ne Regrette Rien” imortalizada pela grande dama do canto francês, Edith Piaf e regravada por Cassia Eller no seu disco Acústico MTV.

Antes de mandar ver em seu repertório ele cantou Madalena Abençoar o hino da lavage composto para os 20 anos da festa pelo cantor e compositor pernambucano Charles Theone em parceria com Robertinho e Carlinhos Brown. A música foi gravada por Carlinhos com as participações de Robertinho, Margareth Menezes, Márcia Freire, Tonho Matéria e Jau.

Logo em seguida, após terminar sua apresentação Robertinho bradou: “Vocês querem ouvir o cacique do Candeal. Pois ele está aqui: Com vocês Carlinhos Brown. Sob os gritos de “Carlinhos Brown cadê você eu vim aqui só pra te ver”. Ai o cacique assumiu o microfone e levou até a igreja da Madeleine. Cada local em que passava, ia aumentando o número de foliões que entravam no clima como se estivesse fazendo um dos dois circuitos de Salvador: O Dodô (Barra- Ondina) ou Osmar (Campo Grande- Aveinda).

“Eu estou aqui, ao lado de Robertinho desde o começo dessa festa que é muito importante para mostrar a nossa música a nossa cultura”, e mandou ver com seus grandes hits. Não faltaram: Velha infância, Tantinho, Muito obrigado Axé, Uma Brasileira, Quixabeira, Danda Lunda, Muito Obrigada Axé entre outras. Ainda cantou Não Quero Dinheiro (Tim Maia) e Tempos Modernos de Lulu Santos.

E o trio foi arrastando a multidão até a igreja de La Madeleine onde aconteceu a Lavage que teve a participação das baianas Keka Oxossi e Solange Rodrigues que mora em Nice e organiza a Festa de Yemanjá na Riviera francesa. Aliás ao longo do caminho fui encontrando muitos baianos que moram em Paris ou foram daqui para ver a festa como a deputada Olivia Santana o político e fotógrafo Javier Alfaia, o ator Caco Monteiro, a empresária Ozana Barreto, a jornalista e cineasta baiana Liliane Mutti, Márcia Damasceno, a produtora da Lavagem da igreja de Santo Antonio em Lisboa, a eterna condessa Luana de Noailles que foi modelo negra a fazer sucesso fora do Brasil nos anos 1960 e 1970) entre outros.

Depois do ritual da Lavagem Brown foi cercado por jornalistas do Brasil e da Europa quando ele manifestou indignação com a atual situação que a segurança pública do estado da Bahia vive. Polido ele não citou nenhum nome, apenas pediu que as autoridades olhassem com mais carinho para o povo sofrido da periferia”.

Fotos: Heber Barros

Osmar Marrom Martins direto de Paris