A população transexual e travesti do Brasil tem representantes que fugiram da curva da violência – afinal, a idade média de sobrevivência de uma pessoa trans no país é de 35 anos – e alcançaram o sucesso. Veja suas trajetórias e se inspire com seus feitos.

1. Léo Kret - A dançarina, funkeira, cantora e política Léo Kret, 33 anos, foi a primeira vereadora transexual eleita em Salvador, com 12.860 votos. Após a solenidade de posse na Câmara dos Vereadores, em 2008, ela movimentou a cena política ao entrar em banheiro feminino. Em 2012 não conseguiu ser reeleita e no ano passado (2016) candidatou-se mais uma vez pelo Partido Democratas (DEM), mas não obteve votos suficientes. Léo conseguiu na Justiça, em 2009,  o direito de usar o nome Léo Kret do Brasil. Atualmente ela é funkeira e cantora do grupo Léo Kret e As Novinhas.

Leo Kret toma posse na Câmara dos Vereadores em 2008 Foto: Marina Silva

Leo Kret toma posse na Câmara dos Vereadores em 2008 (Foto: Marina Silva)

2. Roberta Close - A modelo carioca Roberta Close, 52 anos, foi a primeira mulher transexual a conquistar a capa da edição brasileira da revista Playboy. A edição especial de maio de 1984 trazia a chamada: “Incrível. As fotos revelam porque Roberta Close confunde tanta gente”. Mas o ensaio não trazia a modelo completamente nua. Foi só em março de 1990 que Roberta apareceu novamente nas páginas, com capa de Luma de Oliveira, dessa vez sem tarjas e após fazer cirurgia de redesignação sexual. A cirurgia foi realizada um ano antes, em 1989. Ainda sem ter feito a cirurgia de mudança de gênero, ela ganhou o Miss Brasil Gay de 81. Roberta se identifica intersexual, pois nasceu com características sanguíneas tanto femininas quanto masculinas, comprovado em exames de DNA. Após muita luta, conseguiu, em 2005, trocar seu nome de registro civil pelo nome Roberta Gambine Moreira. Atualmente ela vive em Zurique, na Suíça.

Roberta Close em capa da Playboy de maio de 1984

Roberta Close em capa da Playboy de maio de 1984 (Imagem: Reprodução)

3. Lea Cerezo - Com carreira de sucesso na Europa, e desfiles para grifes como Givenchy e Benetton, a modelo mineira Lea Cerezo é filha do ex-jogador de futebol Toninho Cerezo, que não apoiou a transformação. Em 2007, Toninho, que tem quatro filhos, declarou ser pai de apenas três, o que causou polêmica na mídia. Mas, em 2011, ele anunciou seu amor e orgulho por Lea. Foi com 13 anos que ela começou a notar mudanças e perceber-se diferente, e em 2012 fez procedimentos de redesignação sexual na Tailândia. Depois da cirurgia, a top internacional declarou sentir o mesmo prazer durante relação sexual: “É igualzinho”.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

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4. Carol Marra - Dona de um corpão e de um cabelo poderoso, Carol Marra é modelo e atriz. Só em 2016, atuou em três filmes: A Glória e a Graça, Berenice Procura e O Homem Perfeito. Este ano, ela dará vida a Charlotty, sua primeira protagonista nas telas do cinema. Com quatro procedimentos cirúrgicos na conta, a atriz, de 30 anos, confessa que a família até hoje a chama pelo nome do RG.

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

5. Thammy Miranda - Filho da cantora e dançaria Gretchen, ele fez recentemente cirurgia para adequação de gênero. Atualmente ele é um ator, cantor, compositor e ex-modelo. Em 2016, disse que era homossexual, mas em 2014 afirmou ser transexual masculino. Hoje, namora com Andressa Ferreira.

Thammy Miranda e Andressa Ferreira Foto: Reprodução

Thammy Miranda e Andressa Ferreira (Foto: Reprodução)

6. Rogéria - Cantora, atriz, maquiadora, Rogéria é “uma mulher e mais um pouco”. Com 73 anos,  lançou sua biografia  no ano passado, em 2016, e causou polêmica pois disse que prefere ser chamada de “o” travesti, diferentemente da forma como a maioria das travestis se identifica. Com muita história para contar, a carreira artística da carioca foi marcada, recentemente, pela atuação em novelas da TV Globo sempre em papéis femininos. Tieta, Sai de Baixo, Paraíso Tropical e A Grande Família são alguns dos programas em que ela estrelou. Rogéria iniciou sua longa trajetória no cinema e no teatro na década de 60.

Foto: Thiago Mota

Foto: Thiago Mota

7. Laerte - A cartunista e chargista brasileira Laerte Coutinho, de 65 anos, é adepta do crossdressing e assumiu-se transgênero aos 57 anos. Em 2004, Laerte iniciou sua transformação, dificultada pela perda do filho de 22 anos. Ela se define transgênero e diz ser uma pessoa com dupla cidadania. Em novembro de 2013, estampou as páginas da revista Rolling Stones Brasil com suas fotos nuas.

Foto: Felipe Roncatto / Divulgação

Foto: Felipe Roncatto / Divulgação

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8. Liniker - Sem “a” ou “o”. Liniker diz que não sabe de fato quem é e prefere assim: viver na dúvida. Não se importa com definições construídas socialmente, muito menos com a sua própria. Usa batom, brinco, colar, saia, bigode e o que desejar. Aos 21 anos, natural de Araraquara, São Paulo, é vocalista da banda de soul e black music Liniker e os Caramelows, que conquistou rapidamente milhares de fãs pelo Brasil. Liniker de Barros Ferreira Campos já sofreu racismo e preconceito, mas sempre teve o apoio da mãe. Foi aos 16 anos que começou a compor suas músicas, a cantar sem sentir vergonha e a construir sua própria identidade.

Foto: Leila P / Divulgação

Foto: Leila P / Divulgação

9. Nany People – Atriz e humorista, projetou-se no cenário nacional em 1997 como repórter do programa Novo Comando da Madrugada, de Goulart de Andrade, na extinta Rede Manchete. Em 2010, integrou o elenco de artistas de A Fazenda 3, sendo a quinta participante eliminada do reality show. Após fazer participações esporádicas, People foi contratada pela Rede Record para fazer parte do Xuxa Meneghel. No programa, ela atua como repórter e faz participações no palco. Já escreveu dois livros: Provérbios e Pérolas do Stand up #AceitaQueDoiMenos, lançado pela Livraria Cultura em setembro de 2014, e a biografia Ser Mulher não é para Qualquer Um”, lançada pela editora Planetas em julho de 2015.

Nany Peaple

Foto: Divulgação

10. Ariadna Arantes –  Foi eliminada logo no início da 11ª edição do Big Brother Brasil. Mesmo com a curta passagem, deixou sua marca na história do reality como a primeira transexual a participar do programa. Hoje com 32 anos, estuda maquiagem para cinema na Europa e é editora de vídeo. A mudança de sexo aconteceu em 2009, durante uma viagem à   Tailândia. Em agosto do mesmo ano, conseguiu legalmente a nova identidade.

ariadna

Reprodução/Instagram

10. Candy Mel - Vocalista da Banda Uó desde 2011, Candy Mel foi a primeira mulher trans a fazer a campanha do Outubro Rosa, em 2015. A goianiana também conquistou o título de primeira apresentadora trans do Brasil do primeiro programa LGBTQ da televisão brasileira. Muitas estreias, não é? Foi em março de 2016 que o Estação Plural foi ao ar, na TV Brasil, com Candy no comando e com o médico Drauzio Varella como convidado.

Foto: Arquivo Pessoal / Instagram

Foto: Arquivo Pessoal / Instagram

11 e 12. Victor Summers e Miguel Marques  - O paulista Miguel Marques, 23, e o baiano Victor Summers, 20, são estudantes. Ambos são homens trans, sendo que o primeiro é hetero e o segundo é gay. Há pouco mais de 1 ano e meio, criaram no Youtube o canal Transviados. A ideia é responder, da maneira mais simples possível, até aquelas questões de deixar em pé os cabelos das mais beatas. Tipo Como homens trans fazem sexo?, título do vídeo mais assistido até então, com mais de um quarto dos acessos do canal. Com apenas 16 postagens, eles somam mais de 230 mil visualizações. Recentemente, mudaram o nome do canal para CID 10, número do Código de Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde. É nessa parte do livro que estão listados os transtornos mentais. E a transexualidade (ainda) está contemplada por lá.

Victor Summers e Miguel Marques (Foto: Angeluci Figueiredo)

Miguel Marques, à   esquerda e Victor Summers, à   direita (Foto: Angeluci Figueiredo)

Nota do editor: No dia 25 de maio de 2020 o Me Salte foi contactado por uma das personagens que estava na lista e pediu que o nome dela fosse retirado. À época da reportagem ela detinha uma página pública. 

27 de janeiro de 2017

Conheça a história de 13 transexuais e travestis do Brasil que são sucesso

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